Fause Haten se expande para além da moda e explora performances e artes visuais

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Por onde anda Fause Haten? Esta foi a questão que fashionistas e interessados por moda se colocaram nos últimos anos e que, agora, com a abertura de um espaço do estilista e artista na região central de São Paulo, finalmente ganha uma resposta.

Haten, na verdade, nunca esteve fora de circulação, embora tenha saído dos holofotes por vontade própria. Depois de deixar seu lugar de destaque na moda, aos poucos, ao longo da última década, o paulistano fez formação em teatro e também passou a se dedicar às artes visuais e à performance, sem jamais abandonar a costura, que o acompanha desde antes de completar 20 anos.

Agora, as criações de Haten em vários suportes estão reunidas em seu novo espaço, na rua Bela Cintra. Há o que ele chama de pinturas em tecido, nas quais compõe uma imagem a partir de milhares de retalhos afixados à tela com alfinetes. Estão no ateliê também algumas máscaras, esculturas têxteis nas quais os olhos são formados por joias. Isto tudo junto à sua confecção feminina e masculina.

"Hoje eu não sou exatamente um estilista, eu sou mais um artista que faz roupa", afirma Haten, enquanto caminha pela loja e ateliê, aberta num espaço onde antes era uma lavanderia.

Durante a conversa, Haten menciona várias vezes que diminuiu de tamanho e quer permanecer pequeno. Ele cessou a produção em quantidade de suas roupas para vender para multimarcas pelo país e também parou de desfilar —sua última apresentação foi em 2016, na São Paulo Fashion Week, uma performance na qual vestiu manequins gigantes.

Depois disso, seguiu atendendo, a portas fechadas, as clientes que buscavam as suas "roupas de impacto, teatrais", como ele define, acrescentando que sempre quer criar algo diferente. "Eu não faço nada dos básicos. Isso tem muita gente que faz melhor."

Ele mostra um manequim de vestido preto com uma abertura na frente, na qual pintou duas grandes faixas douradas, uma de cada lado. Em seguida, tira da arara uma camisa masculina com os mesmos ornamentos que, por serem brilhosos e dourados, remetem ao luxo, assim como o linho no qual confeccionou as calças cargo.

Há também quimonos, roupas com drapeados que enrolam no corpo, peças semitransparentes bordadas com folhagens e flores em prata e dourado. É um vestuário que dá uma graça se usado durante o dia, ou um "je ne sais quoi" à noite.

Durante a pandemia, praticamente sem poder vender roupas, Haten passou bastante tempo em seu antigo ateliê costurando, pintando, escrevendo, um processo que o encorajou ainda mais a seguir pelo caminho da arte.

Neste ano, ele esteve em cartaz em São Paulo com o espetáculo "Eu Sou um Monstro", uma performance baseada num episódio da vida do pintor Francis Bacon na qual Haten encenava um texto que lia cara a cara para um espectador da plateia que se voluntariasse.

Antes, ele mostrou em Salvador —onde também mantém um espaço— as imagens de uma performance na qual vestiu modelos com figurinos extravagantes em cores vivas e os fotografou em movimento, gerando retratos em que as roupas flutuam como borrões no ar.

Ao completar 40 anos da marca que leva seu nome, depois de ter conquistado um lugar na história da moda brasileira, Haten agora só cria o que faz sentido para ele, seja uma pintura, um texto para teatro ou um vestido. "Eu faço porque se não fizer eu morro", ele diz, ao justificar seu ímpeto em se expandir para várias artes.

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