Família de Bolsonaro tomou decisão e optou por outros, diz antigo médico do ex-presidente

há 1 dia 3

O médico Antonio Luiz Macedo disse que partiu da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a decisão de escolher outra equipe para acompanhá-lo em cirurgia para desobstrução intestinal, realizada no domingo (13), em Brasília.

Macedo liderava a equipe médica de Bolsonaro desde a facada sofrida pelo então candidato, em 2018.

A nova cirurgia, porém, foi comandada pelo médico Cláudio Birolini, especialista em reconstrução abdominal do Hospital das Clínicas da USP.

"Na realidade, a família que tomou a decisão de quem fosse operar. Não fui eu. Eu simplesmente tratei dele nas outras internações. Mas nesta, eles optaram por fazer um outro tipo de tratamento, chamaram outros colegas, também muito bem credenciados", disse Macedo à Folha nesta segunda-feira (14).

O médico ainda afirmou que não sabe se Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, tomou a decisão de afastá-lo da equipe médica.

"Eu não sei de quem foi [a escolha], entende? Eu sempre me coloquei à disposição deles quando necessário. Como praticamente eles pediram para vir um outro médico, então eu tirei o meu corpo fora. E estou torcendo que dê tudo certo para ele", afirmou Macedo.

Bolsonaro foi internado na sexta (11) em Natal, após passar mal com dores durante um evento no interior do Rio Grande do Norte. Por decisão da sua mulher, Michelle, ele foi transferido para Brasília numa UTI aérea.

O ex-mandatário foi internado no hospital DF Star, outra opção da esposa, que vetou sua ida a São Paulo, como aliados defendiam e o próprio ex-presidente deixou em aberto em uma postagem.

Macedo disse que não tem previsão de ir a Brasília para acompanhar a recuperação de Bolsonaro. O ex-presidente ainda está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital DF Star, onde foi operado, em Brasília, sem previsão de alta.

Macedo, porém, afirmou que aceita retomar os cuidados de Bolsonaro. "Se eles pedirem para eu ir a Brasília para integrar a equipe, eu vou com muita honra e com muito prazer. Eu acho que, como a operação dele foi muito bem feita, não haverá necessidade de ter mais um cirurgião lá em Brasília", afirmou.

O médico também declarou que não está magoado por ter sido afastado da equipe responsável pela cirurgia de Bolsonaro. "Não estou, digamos assim, desvalorizado ou triste por não ter sido chamado. Chamaram outro colega, muito competente, e está dando tudo certo."

Bolsonaro foi levado na sexta (11) para a capital do Rio Grande do Norte de helicóptero, após sentir-se mal no interior do estado, onde participaria de um evento do PL, em favor da anistia aos manifestantes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

No domingo (13), já em Brasília, o ex-presidente foi submetido a uma cirurgia considerada complexa e com uma duração de 12 horas.

O chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, disse que Bolsonaro não apresentava "indicações de urgência ou emergência", mas durante a internação "mantinha sempre um quadro de distensão abdominal".

Segundo ele, o ex-presidente passa bem, e a equipe optou pela cirurgia por detectar que houve uma alteração significativa em um curto espaço de tempo. "Para a gente, é um sinal precoce que tem uma coisa desandando."

Segundo a equipe, a situação do ex-presidente era de um "intestino hostil", com aderências e uma parede abdominal prejudicada.

"O ponto de início é a facada. Posteriormente, as outras cirurgias de reconstrução, todas elas têm um fator, um papel no quadro atual. O objetivo dessa cirurgia foi reverter todos esses fatores que poderiam contribuir para uma nova ocorrência", informou Birolini.

O médico Antonio Macedo disse concordar com a escolha da nova equipe médica. "Eu acho que a decisão cirúrgica foi uma conduta muito adequada. Já operei algumas vezes o presidente, com mais ou menos o mesmo quadro, ou seja, uma necessidade de tratá-lo de uma maneira mais agressiva, que é a cirurgia", disse o médico.

Segundo nota divulgada pelo hospital ainda no domingo (13), o ex-presidente foi submetido a cirurgia de grande porte para remoção de aderências no intestino e reconstrução da parede abdominal. Ainda segundo o texto, não houve intercorrências nem necessidade de transfusão de sangue. O hospital informou que a obstrução intestinal era resultado de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e foi desfeita.

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