O agronegócio também não escapou. A sucroalcoleira Raízen (RAIZ4) caiu 1,08%. Frigoríficos, como JBS (JBSS3), que caiu 1,23%, também sentiram reflexos negativos. "O etanol brasileiro passou a ser alvo de tarifas americanas, em resposta às aplicadas pelo Brasil sobre o etanol dos EUA e a taxação sobre diversos produtos agrícolas importados podem afetar as exportações brasileiras desses itens", diz Marcos Gimenez, presidente da Bravo, de soluções tecnológicas para as áreas fiscal e contábil.
E no exterior?
Nos Estados Unidos, as maiores quedas acumuladas na semana ficaram com empresas de tecnologia. A Dell Technologies (DELL) teve queda de 16,32% de 31 de março a 3 de abril, na Bolsa de Nova York. Outra que sofreu bastante foi a HP (HPQ), com baixa acumulada no período de 14,77%. Os dados são da Economatica. "Receio de aumento de custos de produção, especialmente com componentes vindos da Ásia, impactam a cadeia global da tecnologia, uma das mais sensíveis a políticas protecionistas", diz Daniela.
Outros setores bastante impactados foram os de fabricantes de aviões e de companhias aéreas. A fabricante Boeing (BA) caiu 12,97% na semana. Já as aéreas United Airlines (UAL), Southwest (LUV) e Delta Air Lines (DAL) tiveram tombo de 14,24%, 14,08% e 11,77% respectivamente. O encarecimento de peças importadas e a possibilidade de queda na demanda global por viagens é o que faz os investidores venderem essas ações.
Produtos de consumo também foram pegos. A rede de lojas de eletrônicos BestBuy (BBI) caiu 14,12%, Nike (NKE) acumulou baixa de 12,18%, e a marca de cosméticos Estée Lauder (EL) desvalorizou 11,05%. "O aumento de custos na produção e possíveis quedas no consumo, tanto doméstico quanto internacional afetam essas marcas", diz Daniela.
Na Europa, entre os setores mais atingidos na última quinta-feira, após o anúncio de Trump, estava o varejo de luxo, com o índice Stoxx Luxury 10 caindo 5,2% em seu pior pregão em quase quatro anos. As ações das gigantes de transporte marítimo Maersk e Hapag-Lloyd caíram mais de 9% no mesmo dia. Empresas de medicamentos também sentiram o baque. Novo Nordisk, a fabricante dinamarquesa da droga de emagrecimento Ozempic, teve queda de 2,6%. Os EUA são o maior mercado da empresa, onde as vendas passam de US$ 30,3 bilhões ao ano. "Nos EUA e na Europa, esses setores caem devido à exposição global e porque dependem de cadeias de suprimento afetadas", explica Gusmão.