EUA aprovam financiamento de US$ 755 milhões para empresa de grafite competir com a China

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A intenção dos EUA de diminuir o domínio da China sobre a cadeia de suprimentos global de baterias intensificou-se depois que Washington concordou em financiar uma nova fábrica de grafite no país, a ser construída por um grupo australiano.

O departamento de energia dos EUA ofereceu à Novonix um empréstimo condicional de US$ 755 milhões (R$ 4,68 bilhões) para financiar a construção de uma instalação em Chattanooga, que será a primeira instalação de grafite sintético em grande escala na América do Norte quando concluída.

Chris Burns, CEO da Novonix e ex-engenheiro da Tesla, disse na terça-feira (17) que o acordo ressaltou a necessidade de desenvolver cadeias alternativas de suprimentos para veículos elétricos, observando que a participação de mercado da China para grafite usado em baterias de carros era superior a 95%.

Pequim tem exercido seu domínio sobre o grafite impondo restrições à exportação do material, mais recentemente endurecendo medidas este mês em retaliação contra os controles de exportação de tecnologia por Washington.

"Os anúncios recentes da China para examinar mais de perto a exportação de grafite de qualidade para baterias para os Estados Unidos destacam a importância da produção doméstica de grafite sintético de alto desempenho e qualidade para baterias", avaliou Burns.

A fábrica deverá ser capaz de produzir grafite suficiente para abastecer 325 mil veículos elétricos por ano quando estiver em plena capacidade em 2028, de acordo com a Novonix.

As ações da empresa australiana, que conta com a LG da Coreia do Sul como acionista e tem acordos de fornecimento com Panasonic e Stellantis, subiram 9% na terça-feira.

O acordo de financiamento ocorre menos de uma semana após a Syrah Resources, outro produtor australiano de grafite, iniciar conversas com credores, incluindo o departamento de energia dos EUA, após protestos perto de sua mina em Moçambique interromperem a produção e atrasarem os empréstimos.

Entre as matérias-primas usadas em baterias de carros, o grafite é o mais difícil de obter de países fora da China, uma condição chave para que carros elétricos garantam até US$ 7.500 em créditos fiscais por veículo sob a Lei de Redução da Inflação de Joe Biden.

O material de carbono, que é usado no ânodo da bateria, pode ser extraído naturalmente de depósitos ou produzido a partir de coque de agulha, um produto do petróleo.

A China tem um domínio sobre ambos os processos, respondendo por 86% da produção de grafite natural e 80% de grafite sintético. O país detém participações ainda maiores nos processos tecnológicos mais abaixo na cadeia de suprimentos, de acordo com a Benchmark Mineral Intelligence.

Burns disse ao Financial Times que o domínio da China sobre a cadeia de suprimentos de baterias era uma questão "evidente" quando ele trabalhava na Tesla e argumentou que a dependência de um único país para componentes críticos era um problema mundial para o setor, independentemente da geopolítica.

Devido ao domínio da China, os EUA forneceram aos fabricantes de automóveis e de baterias um período de carência até o final de 2027, durante o qual veículos elétricos com grafite chinês ainda podem se qualificar para subsídios.

Folha Mercado

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A Novonix produz grafite sintético, que os fabricantes de automóveis têm preferido cada vez mais porque ajuda as células a carregarem mais rápido e durarem mais, apesar de ser mais caro.

No entanto, há incerteza sobre o futuro das medidas da IRA para veículos elétricos. Rivais da Tesla de Elon Musk seriam atingidos com perdas ainda maiores nas vendas de veículos elétricos se os subsídios fossem removidos na gestão Trump.

Burns disse que os arranjos de financiamento que a Novonix tinha em vigor para o projeto na cidade do Tennessee estavam agora "definidos" e argumentou que projetos destinados a aumentar empregos nos EUA e fortalecer a cadeia de suprimentos do país eram uma "questão bipartidária".

"Se você se afastar do barulho, continuamos a ver que os setores de baterias e minerais críticos serão apoiados. A questão é como", indagou Burns.

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