“Eu admito, estava errado”, diz Tarcísio sobre críticas a câmeras corporais da PM

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), admitiu nesta quinta-feira (5) ter se equivocado nas críticas que fez ao uso de câmeras corporais por parte da Polícia Militar do estado (PM-SP). 

O “mea-culpa” do chefe do Executivo paulista é feito dias depois da veiculação de um vídeo que mostra um policial militar jogando um homem de cima de uma ponte, na zona sul da capital paulista. Nesta manhã, o soldado Luan Felipe Alves Pereira foi preso após prestar depoimento à corregedoria da PM

“Eu admito, estava errado. Eu me enganei, e não tem nenhum problema eu chegar aqui e dizer para vocês que eu me enganei, que eu estava errado, que tinha uma visão equivocada sobre a importância das câmeras”, afirmou Tarcísio a jornalistas. 

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“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada”, reconheceu o governador de São Paulo. 

Ainda segundo Tarcísio de Freitas, o governo estadual não poupará esforços para intensificar a utilização dos equipamentos no dia a dia dos policiais. 

“O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os profissionais de segurança pública para combater, de forma firme, o crime não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa, para descumprir regra”, disse o governador. 

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Tarcísio afirmou ainda que não deverá substituir as câmeras corporais usadas atualmente pela PM – que possuem gravação ininterrupta, de baixa qualidade, sem que o usuário acione qualquer botão. O governador disse que, antes disso, são necessários testes que certifiquem a segurança e eficácia de um novo modelo. 

O período de testes com as novas câmeras corporais deve ter início no dia 10. O governo de São Paulo renovará o contrato com a fornecedora dos equipamentos antigos até que a fase de testes seja finalizada. 

“Enquanto [o governo] não estiver confortável, ela não entra em operação”, resumiu Tarcísio. 

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Com os novos modelos, caberá aos policiais militares ligarem a câmara para que a gravação seja iniciada. Por outro lado, há possibilidade de acionamento automático feito pelo Centro de Operações da PM (Copom), de forma remota. 

Na semana retrasada, em meio às críticas recebidas pela PM em função de uma série de episódios de violência policial no estado, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, determinou que o governo de São Paulo apresentasse documentos que tratassem da compra das novas câmeras corporais.

De acordo com o magistrado, as informações fornecidas pela administração estadual até o momento “são insuficientes para o adequado monitoramento dos compromissos assumidos”. Até esta quinta-feira (5), o STF ainda não havia recebido uma resposta.

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Tarcísio garante Derrite

Tarcísio de Freitas garantiu que o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, permanecerá no cargo, mesmo após uma série de denúncias envolvendo casos de abuso e violência de policiais militares. 

O governador teve de falar sobre o assunto ao ser questionado por jornalistas na chegada à Câmara dos Deputados, na quarta-feira (4), em Brasília (DF). Ele recebeu uma condecoração de parlamentares. 

Indagado sobre recentes casos de violência policial em São Paulo, Tarcísio se negou a falar a respeito de episódios específicos. Ao ser perguntado se Derrite corria risco no cargo, o governador assegurou que não pretende demiti-lo. 

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“Olhem os números. Vocês vão ver que [ele] está fazendo um bom trabalho”, afirmou Tarcísio. 

Questionado, então, sobre quais seriam esses números, Tarcísio se limitou a dizer que eram “estatísticas criminais”, mas não deu maiores explicações. 

“A pessoa saiu com ferimentos leves. O que aconteceu foi muito ruim, vamos tomar providências”, disse Tarcísio.

Outro caso rumoroso aconteceu em novembro, quando um policial militar executou um jovem em frente a um mercado no Jardim Prudência, zona sul de São Paulo. A vítima foi acusada de roubar pacotes de sabão do estabelecimento.

De acordo com dados do Ministério Público, as mortes em abordagens da Polícia Militar de São Paulo aumentaram 46% até o dia 17 de novembro deste ano, na comparação com 2023. 

Entre janeiro e novembro, 673 pessoas foram mortas por PMs, ante 460 do mesmo período do ano anterior. Dessas mortes, 577 foram praticadas por policiais em serviço, enquanto 96 foram por policiais que estavam de folga.  

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