Estoques industriais recuam e estimulam produção após dois anos sem avanços

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Alta foi marcada por recuperação após perdas. O avanço da produção industrial no fechamento do primeiro semestre ocorreu após dois meses consecutivos de recuos ocasionados pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. A retomada das fábricas contribuiu "direta ou indiretamente" para o resultado, afirma André Macedo, gerente da PIM.

Ambiente ainda segue distante de recorde. Apesar do cenário visto como positivo, o relatório do IBGE mostra que a produção nacional ainda figura 14,3% abaixo da marca histórica, atingida em maio de 2011. Ainda assim, o setor industrial opera em patamar 2,8% acima do registrado em fevereiro de 2020, último mês sem efeito restritivo da Covid-19.

Indústria caminha para alta significativa após dois anos. O momento favorável faz a indústria percorrer para fechar 2024 com o primeiro crescimento efetivo desde 2021, quando o avanço de 3,9% representava uma recuperação do tombo de 4,5% do ano anterior. Em 2022, a produção encolheu 0,7% e ficou estável (+0,1%) no ano passado.

Banco Central prevê alta de 2,7% da indústria neste ano. No último relatório trimestral de inflação, a autoridade monetária avalia que a indústria de transformação tende a se beneficiar do aumento do consumo das famílias e da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo). "A gente acredita em um crescimento bastante positivo da indústria de transformação neste ano, diferentemente do que aconteceu ano passado", prevê Azevedo.

Atual nível da taxa básica de juros ainda preocupa. Azevedo classifica a recente evolução da indústria como reflexo da redução de 3,25 pontos percentuais da taxa Selic. Para ele, a manutenção da taxa a 10,5% ao ano nas últimas duas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) pode frear a recuperação. "Essa interrupção dos cortes traz preocupação, não só pela questão do investimento, mas também pela continuidade de um crescimento da demanda", avalia.

O crescimento da demanda está vindo também por conta de crédito, que reage à taxa de juros e à melhora do mercado de trabalho. A nossa expectativa é de continuidade disso como sustentação da demanda até o final deste ano.
Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI

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