A Polícia Federal desmantelou um esquema de fraude bilionária que desviou recursos de beneficiários do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), seguro-desemprego e programas sociais.
A apuração aponta que o golpe, com prejuízo estimado em mais de R$ 2 bilhões, contou com a participação de funcionários da Caixa Econômica Federal, que repassavam dados sigilosos e facilitavam o acesso aos sistemas bancários.
Segundo a investigação, os criminosos operavam com base em dados obtidos de forma ilegal na internet, como CPFs de beneficiários com saldos ativos no FGTS ou no seguro-desemprego. Com essas informações, os servidores da Caixa alteravam os cadastros das vítimas no aplicativo Caixa Tem, substituindo os e-mails originais por endereços controlados pela quadrilha. Assim, era possível resetar senhas e obter controle total sobre as contas digitais.
Com o domínio das contas, os golpistas realizavam transferências via Pix, pagavam boletos ou efetuavam saques. Em alguns casos, servidores chegaram a realizar saques diretamente nas agências, a mando do grupo.
Fraude em escala digital
A quadrilha utilizava softwares que simulam celulares em computadores, possibilitando o acesso simultâneo a dezenas ou centenas de contas no Caixa Tem. Como os valores desviados por conta não eram elevados, o golpe dependia de repetição em massa para gerar grandes volumes. Segundo a PF, os criminosos acessavam o sistema centenas de vezes por dia.
Para o delegado Pedro Bloomfield Gama Silva, ouvido pelo Fantástico, que conduz as investigações no Rio de Janeiro, o problema está na fragilidade da segurança digital das instituições e na vulnerabilidade dos sistemas de monitoramento bancário.
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“O fortalecimento dos setores de combate à fraude, notadamente da Caixa, é fundamental. Esses setores conseguem, de forma online, identificar fraudes e irregularidades ainda nas agências”, afirmou o delegado.
Ações de contenção
Em nota ao programa, a Caixa afirmou que os funcionários identificados no esquema foram demitidos e que a instituição tem adotado novas medidas de segurança.
O vice-presidente de Logística, Operações e Segurança do banco, Anderson Possa, informou que estão sendo implementados sistemas de biometria e inteligência artificial, com foco no monitoramento preditivo de operações suspeitas.
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A PF realizou nesta semana uma nova fase da operação em 14 cidades do Rio de Janeiro, com apreensões de celulares, computadores e documentos. Os investigados respondem em liberdade.