Entre os motivos citados para a alta, estão a conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos. Com a mudança de governo, há dúvidas sobre o desempenho da economia, a inflação e a postura do BC americano, segundo comunicado publicado pelo Copom ao final da reunião.
Política protecionista sugerida por Trump pode levar a alta dos juros nos EUA e mais aumentos no Brasil. O presidente eleito disse, durante a campanha para a Presidência, que pretende fechar a economia com o aumento de impostos para a importação de diversos bens e serviços. Esse tipo de medida aumentaria o déficit fiscal norte-americano, elevaria os preços de mercadorias dentro do país e poderia forçar o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a aumentar as taxas de juros nos EUA. Com os títulos de renda fixa pagando mais juros no país considerado o mais seguro do mundo para investimentos, quem tem dinheiro aplicado em outros mercados tende a abandonar essas nações. A fim de convencer os investidores a ficar no Brasil, o BC local pode ter que aumentar ainda mais a Selic.
Internamente, como os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho seguem indicando aquecimento, é esperado que os preços continuem sofrendo pressão de alta. O Copom lembrou que as expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa semanal Focus encontram-se em torno de 4,6% e 4%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,6%.
O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Comunicado do Copom
As negociações do governo em torno do pacote de corte de gastos públicos do Orçamento de 2026 são acompanhados com atenção pelo comitê. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado bastante os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio, disse o Copom.
O mercado financeiro espera desde o final da semana passada que o governo brasileiro divulgue mais detalhes do pacote. Na segunda (4) e na terça (5), o presidente Lula (PT) se reuniu com ministros para discutir as medidas, mas ainda não divulgou nenhum plano.