Neste sábado (21), o Rock in Rio 2024 abre espaço para a cultura amazônica com uma apresentação inédita no Global Village, que une a Gang do Eletro e as Suraras do Tapajós. A fusão das batidas eletrônicas do eletromelody com as tradições rítmicas do carimbó promete ser um dos momentos mais marcantes do festival, celebrando a diversidade e a força cultural do Norte do Brasil.
A Gang do Eletro, pioneira no eletromelody — um subgênero do tecnobrega que mistura batidas eletrônicas da periferia paraense com influências internacionais —, é conhecida por suas performances vibrantes, que incluem dançarinos, projeções e a estética colorida das festas de aparelhagem de Belém. O grupo, que já se apresentou na abertura das Olimpíadas do Rio em 2016, retorna aos palcos após um hiato de cinco anos, agora com um novo álbum.
As Suraras do Tapajós, o primeiro grupo de carimbó formado exclusivamente por mulheres indígenas, trazem as tradições ancestrais da floresta, com canções que exaltam a natureza, a força feminina e a luta pelos direitos indígenas e pela preservação ambiental. "Estar nesse palco é uma responsabilidade e um orgulho imenso. É o momento de ecoar a voz dos povos indígenas, que o mundo precisa ouvir", diz Leila Borari, integrante do grupo.
Victor Xamã, uma das grandes revelações do rap nacional, completa o time nortista que subirá ao Global Village. Nascido em Manaus, Xamã traz para o palco suas letras introspectivas e contundentes, que exploram a realidade da juventude periférica e temas sociais, mesclando influências do rap com as vivências amazônicas.
A inclusão de artistas nortistas no line-up do Rock in Rio veio após críticas ao primeiro anúncio do Dia da Música Brasileira, que ignorava representantes da Amazônia. "A Amazônia não faz parte do Brasil? A cultura amazônica, nortista, não é parte deste país?", questionou Fafá de Belém em uma postagem que gerou repercussão. Joelma também se pronunciou, defendendo: "Os sons do Pará, os sons do Norte, a minha música também são música brasileira".
"Levar nossa cultura periférica ao Rock in Rio significa trazer um pouco da vida de cada pessoa que faz parte dela", comenta DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro. Ao lado das Suraras o grupo promete uma performance que vai além do entretenimento, celebrando a fusão entre o passado e o futuro da música nortista.
A apresentação da Gang do Eletro e das Suraras do Tapajós no Rock in Rio representa um marco importante para a música amazônica, levando os ritmos da floresta e da periferia para um dos maiores palcos do mundo. Com a fusão de batidas eletrônicas e tradições indígenas, o show reforça a relevância da Amazônia no cenário musical brasileiro, mostrando que a riqueza cultural da região tem lugar central na música do país.