Eleições, guerra, pandemia: o que já provocou grandes altas do dólar

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Outro evento marcante foi o referendo do Brexit em 2016, que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia. "Essa decisão gerou instabilidade política e econômica, com o dólar se valorizando até 3% em relação a outras moedas no dia seguinte ao referendo. Isso mostra como eventos políticos podem impactar de forma imediata e significativa as taxas de câmbio", complementa Vasconcellos.

A guerra comercial entre Estados Unidos e China, que começou em 2018, também foi responsável por uma valorização expressiva do dólar. Alexandre Miserani, professor de economia e administração da UniArnaldo, lembra que o ambiente de incerteza gerado pelas retaliações comerciais entre as duas maiores economias do mundo fez com que investidores buscassem segurança na moeda americana. "O dólar se beneficia diretamente de cenários de instabilidade global, e isso tem um impacto severo nas moedas de mercados emergentes, como o real."

O professor também destaca o papel da guerra na Ucrânia em 2022, que desestabilizou mercados financeiros globais. "Conflitos geopolíticos aumentam a percepção de risco, levando investidores a buscar ativos considerados mais confiáveis, como o dólar. Isso pressiona moedas locais, principalmente em países emergentes."

Questões internas

Cenários eleitorais no Brasil têm historicamente causado grandes oscilações no câmbio. Em 2002, durante a campanha que levou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, o dólar ultrapassou R$ 4 devido à desconfiança do mercado sobre a política econômica do novo governo. Em 2018, a instabilidade política também elevou a volatilidade cambial. "A eleição de Jair Bolsonaro (então PSL, hoje PL) trouxe muitas incertezas, especialmente em 2019, quando desastres econômicos sucessivos, culminando com a pandemia, pioraram o cenário para o real", analisa Miserani.

Além das tensões eleitorais, questões fiscais internas desempenham um papel crítico. "Quando os investidores percebem que o governo não está ajustando as contas públicas, eles retiram capital do país, aumentando a demanda por dólares e desvalorizando o real. Foi exatamente o que vimos nos últimos dias, com o atraso na apresentação de um pacote fiscal detalhado", explica Marcela Kawati, economista-chefe da Lifetime Asset Management.

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