Apesar de uma carreira profissional estável, ela não estava 100% realizada. Em 2014, abriu a Amélie Crêperie, no Shopping da Gávea, no Rio. Investiu cerca de R$ 450 mil.
Observação do mercado deu a ela a ideia de um novo negócio. "Via como uma oportunidade de mercado, com demanda e pouca oferta dos legítimos crepes franceses de trigo sarraceno. O conceito também me encantava como cliente e minha percepção em viagens para fora do país", afirma ela, cujo um dos hobbies é fazer viagens de enoturismo, para aprender sobre vinhos e gastronomia. Ela conciliou o negócio com o cargo público até 2016, quando pediu exoneração do cargo no Inpi.
Quando comecei, foram muitos os desafios, desde a falta de conhecimento dos detalhes operacionais da loja, formas de contratação, liderança até otimizações para gerar lucratividade, apesar do alto faturamento. Aos poucos, fui buscando cursos e informações e otimizando a operação para o negócio se tornar mais lucrativo.
Sálua Bueno, sócia-fundadora da Amélie Crêperie
Galettes são o forte do cardápio
O carro-chefe são os galettes. "Os pratos foram desenvolvidos em harmonia com a cultura, paladar e ingredientes brasileiros", diz Sálua. Os galettes são um prato típico da culinária francesa. São similares a crepes, mas feito com farinha de trigo sarraceno (sem glúten).
No cardápio, estão galettes com vários recheios, entradas e pratos de bistrô. O mais vendido é o Île Saint-Louis (queijo brie, presunto de parma, crocante de parma, figos ou pera confitada, mel trufado e farofa de nozes). Custa R$ 65.
Expansão via franquias
Em 2021, ela abriu outro restaurante: o Juliette Bistrô. "É um bistrô criativo e inventivo, com recriações de pratos clássicos da gastronomia cosmopolita", diz Sálua. Foi criado nesse momento também o Grupo Muguet, dono das duas marcas.
No mesmo ano, o Grupo Arcca entrou na sociedade. O objetivo era formatar o negócio para franquias. Hoje, a Amélie Crêperie tem cinco unidades (4 em shoppings e 1 de rua) e o Juliette Bistrô tem duas franquias em shoppings. Todas em bairros nobres do Rio.
Quanto custa abrir uma franquia das marcas? O investimento inicial varia de R$ 550 mil a R$ 650 mil. O faturamento médio mensal é de R$ 240 mil.
Em 2023, o faturamento da empresa foi de R$ 15,6 milhões. O lucro não foi revelado.
A meta para 2025 é abrir mais 12 unidades, entre as duas marcas. A expansão visa outros estados do Sudeste e do Centro-Oeste, além do Distrito Federal.
Queda de faturamento na pandemia
Na pandemia, a Amélie Crêperie teve queda de 100% do faturamento. "Não tínhamos delivery na época. Implantamos o sistema de entrega dois meses depois, porém, não foi o suficiente para arcar com altos custos", diz Sálua. A Amélie Crêperie tinha três unidades, na época.
A empresa precisou fazer dois empréstimos. Teve também apoio financeiro do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte). No total, a dívida chegou a cerca de R$ 2 milhões. Segundo Sálua, ela está hoje em menos de R$ 800 mil. "Com os empréstimos, conseguimos manter todos os funcionários e pagar os fornecedores. Sobrevivemos sem fechar nenhuma loja nem demitir nenhum funcionário", afirma.
Negócio tem localização estratégica
A formação acadêmica de Sálua foi importante para o planejamento do negócio. Glauco Nunes, coordenador de mercado do Sebrae Rio, diz que, por ser economista, Sálua já tem uma veia voltada para o empreendedorismo.
A escolha dos pontos dos bistrôs foi estratégica. As lojas das duas marcas (Amélie Crêperie e Juliette Bistrô) estão localizadas em bairros de classe média alta do Rio. "Esse público tem uma adesão maior a este tipo de culinária. São pessoas que moram nos bairros com um padrão de vida maior e têm recursos para gastar mais com alimentação diferenciada, uma experiência diferente", diz Nunes. "Portanto, no processo de expansão das marcas, a empresa precisa dar um suporte maior para a escolha de ponto. Isso é fundamental para o sucesso da marca. Se não se atentar a isso, pode ser um ponto de atenção para a escalabilidade desejada", afirma.
Atenção ao mix de produtos. Nunes diz que um cardápio enxuto ajuda a escalar o negócio. Mas, segundo ele, é preciso inovar de vez em quando. "Vale tirar do cardápio um prato menos consumido e introduzir novos, mas sem inchar muito o portfólio. Portanto, não deixe de trazer novidades e inovação para o negócio. Isso garante diferenciação no mercado e também a maior recorrência dos clientes", afirma.
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