Dora Figueiredo fala sobre influência de redes sociais em práticas nocivas à saúde durante a adolescência

há 2 meses 7

A influenciadora Dora Figueiredo conversou com o blog Não Tem Cabimento sobre sua história com transtorno alimentar e como sua relação com o corpo mudou ao longo dos anos nas redes sociais. "Eu sempre fui magra e aos 14 anos me deparei com conteúdos no Tumblr que glamourizavam os transtornos alimentares", diz.

A rede social lançada em 2007 é conhecida por ter uma política de moderação de conteúdo bastante permissiva, que mantém no ar nudez e pornografia, e reúne materiais de incentivo a práticas purgatórias, automutilação e ideação suicida. As "dicas" são vendidas como fórmula para alcançar corpos de mulheres doentes e "inspiração" para quem busca corpos cada vez mais esqueléticos.

Foi assim que Dora começou a diminuir suas refeições, diante das mudanças causadas pela puberdade. "Eu media minha felicidade pelo meu peso", conta. A influenciadora diz que queria manter o mesmo corpo da infância. Para isso, passava dias sem comer ou pulava refeições. "As pessoas percebiam e diziam que eu estava magra demais", conta. "O maior fracasso da minha vida era nunca ter conseguido ficar doente ao ponto de interromper minha menstruação".

Apesar dos alertas, Dora só entendeu que tinha um transtorno e que sua relação com a comida não era simplesmente "uma dieta" quando ingressou na faculdade de Nutrição. Aluna na USP, entrou em contato com o Ambulim e abordou o assunto pela primeira vez na terapia. "Comecei a entender como as pessoas engordam e que não é culpa delas. Com o tempo, conheci o movimento Corpo Livre, o Body Positive".

Foi na esteira da celebração dos corpos livres que Dora começou a produzir conteúdo para a internet. Ela cita a influência do livro "O Mito da Beleza", de Naomi Wolf. "Nós mulheres somos obrigadas a pensar na beleza porque, enquanto estivermos obcecadas por sermos bonitas e perfeitas, na visão masculina, não ocupamos lugares na política ou no trabalho. Não temos dinheiro para fazer o nosso negócio porque gastamos milhões com a indústria da estética", opina.

Já trabalhando com redes sociais, relacionamentos abusivos agravaram sua condição. Foi preciso se afastar um pouco da criação de conteúdo e desses relacionamentos para retomar sua autoestima. "Eu engordei 20 kg e nunca me senti tão bem", diz. Ela conta que ao engordar recebia muitas mensagens criticando seu corpo. Agora que voltou a emagrecer, as ofensas continuam. "Body positive não está mais na moda", diz, e cita como exemplos o retorno do desfile da Victoria’s Secret em 2024, que foi criticado pela falta de corpos diversos, além da trend "Magras, magras, magras".

No último ano, a influenciadora passou por problemas na vida pessoal que agravaram um quadro depressivo e resultaram numa perda de peso significativa. "Foi quando percebi que nunca foi sobre saúde, porque até na minha família comemoraram que emagreci, quando na verdade eu voltei ao mesmo padrão de alimentação transtornado", diz.

De volta à produção de conteúdo, Dora critica a volta da magreza extrema e a multiplicação de influenciadoras que vendem rotinas irreais e dietas milagrosas enquanto tem seus corpos moldados por cirurgias plásticas. No Tumblr, após mais de uma década do acesso de Dora, continua sendo possível encontrar esse tipo de conteúdo.

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