O grupo Azzas 2154, resultante da fusão entre Arezzo&Co e Soma, negou ao mercado nesta terça-feira (18) que seus acionistas de referência estejam negociando uma cisão do negócio. Em fato relevante divulgado no início da noite, a companhia disse que Alexandre Birman e Roberto Jatahy "dialogam constantemente sobre o aprimoramento na governança" da companhia.
O comunicado foi emitido após ofício da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) questionar a companhia sobre rumores de que os executivos estavam em desacordo sobre qual rumo a Azzas deve tomar. Maior conglomerado de moda do país, o grupo concentra 34 marcas —entre elas Hering, Arezzo e Farm— e mais de 2.000 lojas.
"A Azzas 2154 S.A. [...] informa aos seus acionistas e ao mercado em geral que, depois de indagar os Srs. Alexandre Café Birman e Roberto Luiz Jatahy Gonçalves, acionistas de referência do Azzas 2154, acerca de notícias recentes, eles comunicaram à companhia que, ‘no momento, não há qualquer discussão em andamento sobre compra de participação ou sobre cisão ou segregação de negócios da companhia’", disse a empresa no comunicado assinado por Rafael Sachete da Silva, diretor financeiro, corporativo e de relações com investidores.
Informações divulgadas na imprensa na semana passada envolvendo o suposto desacordo na liderança entre os dois principais acionistas da empresa provocaram uma forte queda nos papeis negociados na B3, cuja desvalorização acumula 12,4% nos últimos sete dias.
No comunicado, a Azzas afirmou que ambos "dialogam constantemente sobre aprimoramento na governança do Azzas 2154, de modo que ‘tais conversas podem culminar em eventuais ajustes no acordo de acionistas vigente’". Por outro lado, ambos frisaram ao grupo que apesar das conversas, "não há qualquer negócio celebrado entre eles".
A união das empresas, oficializada em agosto do ano passado, projetava potencial de crescimento no longo prazo, porém o valor de mercado da companhia desidratou em sete meses, saindo de R$ 10 bilhões para R$ 4,4 bilhões —valor menor do que os R$ 5,1 bilhões que o Soma teve para adquirir a Hering, em 2021.
Até o início desta noite, a Azzas e executivos da companhia procurados pela Folha se recusavam a comentar publicamente sobre o suposto desenlace entre Jatahy, que é diretor de negócio de vestuário feminino do grupo, e Birman, CEO da companhia. Juntos, os acionistas controladores detêm 33,7% do negócio.
Na semana passada, a Azzas divulgou os resultados do quarto trimestre de 2024 com números que desanimaram o mercado. O lucro líquido foi de R$ 168,9 milhões, valor 35,8% menor do que o registrado no mesmo intervalo de 2023.
Na terça (11), quando saiu o balanço, os papeis eram negociados a R$ 26,43, caindo para R$ 22,89 no dia seguinte. Na sexta (14), quando notícias sobre a cisão rodaram o mercado, as ações caíram para R$ 21,50. Nesta terça, os papéis encerraram o pregão do dia avaliadas em R$ 23, alta de 5,7%.