Nesta sexta-feira (23), o dólar à vista fechou cotado a R$ 5,4794, após mínima a R$ 5,4749 ao longo da tarde; o real pegou carona na onda de enfraquecimento global da moeda norte-americana
Carlos Severo/ Fotos Públicas
Apesar do tombo desta sexta-feira (23), a moeda termina a semana com leve ganho (0,21%)
Após ter flertado na quinta-feira (22) com o nível de R$ 5,60, em meio a mau humor externo e desconforto com a comunicação do Banco Central, o dólar à vista despencou na sessão desta sexta-feira (23), e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,50. Por aqui, o dólar à vista fechou em baixa de 1,99%, cotado a R$ 5,4794, após mínima a R$ 5,4749 ao longo da tarde, em meio à queda mais pronunciada do retorno da Treasuries de 2 anos. Apesar do tombo desta sexta, a moeda termina a semana com leve ganho (0,21%). No mês, a divisa acumula desvalorização de 3,11%. O real pegou carona na onda de enfraquecimento global da moeda norte-americana e no aumento do apetite por ativos de risco, ambos deflagrados pela confirmação de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vai inaugurar um ciclo de corte de juros a partir de setembro.
No fim da manhã, em discurso no Simpósio de Jackson Hole, o presidente do Fed, Jerome Powell, foi direto ao ponto: “Chegou a hora de ajustar a política monetária”. Fiel ao seu duplo mandato, busca de pleno emprego e estabilidade de preços, o BC norte-americano vê agora mais riscos de perda de dinamismo do mercado de trabalho do que de reversão do processo de desinflação.
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Termômetro do comportamento do dólar em relação uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY furou o piso de 101,000 pontos e tocou mínima aos 100,602, no menor nível desde dezembro do ano passado. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, destaque para o peso mexicano, com ganhos de mais de 2,20%, em recuperação das perdas recentes.
Powell e dirigentes do BC norte-americano ressaltaram que o ritmo de cortes e a magnitude do alívio monetário nos EUA estão condicionados aos indicadores. Presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker repetiu pela manhã que a instituição vai cortar os juros de forma “metódica”. À tarde, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que a política monetária está em seu nível mais restritivo da história e reiterou que prevê cortes de juros diversas vezes entre 2024 e 2025.
Ferramenta de monitoramento do CME Group mostra que o cenário mais provável, com mais de 65%, é o de que a taxa básica americana seja reduzida em 25 pontos-base em setembro, embora as apostas de um corte maior, de 50 pontos-base, tenham aumentando. É dado como certo um alívio de mais de 200 pontos-base até o fim de 2025, com chances um pouco maiores de redução total de 225 pontos-base.
Apesar da sinalização de queda de juros nos EUA, a perspectiva de alta da taxa Selic ainda neste ano segue no radar. Economistas de mercado que se reuniram nesta sexta de manhã com diretores do Banco Central afirmaram que será necessário aumentar a taxa Selic entre 0,75 e 1,25 ponto porcentual nos próximos meses para preservar a credibilidade da autoridade monetária e ancorar as expectativas de inflação, segundo participantes do encontro.
Na quinta, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, disse que a adoção de um balanço de risco assimétrico para a inflação não representa um guidance (orientação futura) para a condução da política monetária, mas reiterou que o BC está pronto para elevar os juros, se necessário.
Falas nesta semana do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, foram menos incisivas, relevando desconforto com a aposta em alta da taxa Selic já em setembro por ala relevante do mercado – o que provocou certo ruído e, segundo analistas, contribuiu para o tombo do real na quinta.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira