Dólar abre em queda em dia de leilão de US$ 1,5 bilhão pelo Banco Central

há 4 meses 14

O dólar abriu em queda nesta sexta-feira (30) com os investidores à espera de um leilão do Banco Central de até US$ 1,5 bilhão no mercado à vista, que ocorrerá nesta manhã.

Às 9h02, o dólar caía 0,81%, a R$ 5,5774. O leilão será realizado entre 9h30 e 9h35 desta sexta. Será a segunda intervenção no câmbio desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na quinta-feira, o dólar fechou em forte alta de 1,18%, a R$ 5,621, e a Bolsa recuou 0,95%, aos 136.041 pontos, em meio à realização de lucros depois do Ibovespa renovar a máxima histórica na véspera.

O dia foi embalado pela consolidação de expectativas de cortes graduais nos juros nos Estados Unidos.

O PIB (Produto Interno Bruto) anualizado dos EUA cresceu 3% no segundo trimestre, superando a estimativa inicial de 2,8% apresentada na primeira leitura preliminar. Economistas consultados pela Reuters previam que não haveria revisão.

O dado acelerou em relação ao 1,4% registrado no primeiro trimestre, afastando ainda mais os temores de que uma desaceleração acentuada estaria em curso na maior economia do mundo.

Ao mesmo tempo, o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego recuaram na semana encerrada em 24 de agosto para 231.000, ante 233.000 da semana anterior e abaixo das estimativas de 232.000 pedidos.

A leitura é que a economia continua forte e que o mercado de trabalho, apesar de apresentar sinais leves de resfriamento, está mais resiliência do que o especulado no começo do mês.

O ritmo da atividade americana impacta na tomada de decisões do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). Na análise de Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, o resultado sugere que a política monetária implementada pela autarquia tem sido eficaz no controle inflacionário sem comprometer o crescimento econômico de forma significativa.

O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou na semana passada que "chegou a hora" de cortar os juros, atualmente na faixa de 5,25% e 5,50%, para não enfraquecer a economia americana. A dúvida, agora, é sobre o tamanho das reduções: se mais agressiva, de 0,50 ponto percentual, ou gradual, a começar com um corte de 0,25 ponto.

"Com uma economia ainda aquecida, é mais provável que o Fed mantenha uma abordagem cautelosa, optando por cortes menores de 0,25 ponto percentual, para garantir que a inflação continue sob controle", diz Murad.

"Para o Brasil e outros mercados emergentes, isso pode implicar em um fluxo de capital internacional mais moderado do que se houvesse cortes mais agressivos nos juros americanos."

A perspectiva de um afrouxamento gradual elevou os rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro norte-americano, o que tornou o dólar mais atraente no exterior.

No Brasil, dados do IGP-M, a "inflação do aluguel", acentuaram a desvalorização do real.

O indicador da FGV (Fundação Getulio Vargas) desacelerou mais do que o esperado por analistas em agosto, em alta de 0,29%, depois de ter avançado 0,61% no mês anterior. A expectativa era de avanço de 0,46%. O índice agora acumula ganhos de 4,26% em 12 meses.

Folha Mercado

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"Com o IGP-M abaixo das projeções do mercado, aumentam as apostas de que o Copom (Comitê de Política Monetária) manterá a taxa Selic inalterada na próxima reunião", diz André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais. Os juros básicos do país estão em 10,50% ao ano.

Os próximos passos do BC (Banco Central) estão sendo observados de perto pelo mercado. Na quarta-feira, foi confirmada a indicação de Gabriel Galípolo à presidência da autarquia, após o término do mandato de Roberto Campos Neto em 31 de dezembro deste ano.

Galípolo, assim como o atual chefe do BC, tem reforçado que um novo aperto na Selic está à mesa, visto a necessidade de levar a inflação de volta ao centro da meta de 3%.

Com a desaceleração do IGP-M e da inflação medida pelo IPCA-15, a dúvida é se os dados estão "desconfortáveis" o suficiente para o comitê considerar um aperto monetário no próximo encontro.

Quanto mais o Fed cortar a taxa americana e mais o BC subir a Selic por aqui, melhor para o real, que fica mais atraente a investimentos por causa do diferencial de juros.

Com Reuters

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