Diretora exonerada da Fundação Saúde é irmã do deputado Doutor Luizinho

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A diretora de planejamento e gestão da Fundação Saúde, Débora Teixeira, que foi exonerada do cargo nesta segunda-feira (21), é irmã do deputado federal e ex-secretário de Saúde do estado do Rio de Janeiro Doutor Luizinho, atual líder do PP (Progressistas) na Câmara dos Deputados.

Doutor Luizinho ocupava a posição de secretário durante o processo de contratação do PCS Lab Saleme, laboratório investigado por emitir laudos com falsos negativos para HIV que resultaram na infecção de seis pessoas transplantadas. A Fundação Saúde é a empresa pública do Rio de Janeiro responsável pelo contrato com a clínica.

O parlamentar foi secretário de Saúde do estado do Rio de Janeiro entre os anos de 2016 e 2018 e, uma segunda vez, entre janeiro e setembro de 2023 —época do processo de licitação que culminou na contratação do laboratório.

Além da irmã do deputado, também renunciaram aos cargos na Fundação Saúde: João Ricardo da Silva Pilotto, diretor executivo, Alessandra Pereira, diretora administrativa e financeira, Bruno Klein, diretor de recursos humanos, Carla Boquimpani, diretora técnico-assistencial, e Luiz Romano Quagliani, diretor jurídico.

Um dos principais alvos da investigação envolvendo o PCS Lab Saleme e a doação de órgãos contaminados com HIV é Walter Vieira, 61, sócio do laboratório. Ele é casado com a tia do deputado federal. A clínica também tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, primo de Luizinho.

O deputado foi procurado pela Folha, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.

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Entenda o caso

Seis pacientes que estavam na fila de transplante da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados pelo vírus HIV e, posteriormente, receberam resultados positivos para a doença.

A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro classificou o ocorrido como "inadmissível" e ressaltou que se trata de uma situação sem precedentes. O Ministério da Saúde também está acompanhando o caso.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, ordenou a instauração de uma auditoria para investigar o sistema de transplantes no Rio de Janeiro e verificar possíveis irregularidades na contratação do laboratório responsável pelos exames.

O episódio ocorreu em testes realizados por um laboratório privado, contratado pela Fundação Saúde, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, para atendimento ao programa de transplantes no estado.

A auditoria será realizada pelo Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS). Além disso, a pasta solicitou a interdição cautelar do Laboratório PCS LAB Saleme/RJ, cuja unidade operacional fica no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro.

O Ministério da Saúde também determinou que a testagem de todos os doadores de órgãos no Rio de Janeiro voltasse a ser feita exclusivamente pelo Hemorio.

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