Dino acerta ao suspender 'emendas Pix'

há 6 meses 22

Ele está corretíssimo. Não há cabimento na ideia de que nacos bilionários do Orçamento possam ser manejados de forma obscura, sem uma finalidade previamente definida e livres de controle e fiscalização.

Em 2023, foram R$ 8,8 bilhões em emendas do tipo "transferência especial", mais conhecidas como "Pix". Em 2024, foram autorizados R$ 8,2 bilhões. Destes, R$ 7,7 bilhões já foram empenhados e R$ 4,5 bilhões, pagos. Em 2020, a modalidade representava R$ 0,6 bilhão, passando a R$ 2 bilhões (2021), R$ 1,7 bilhão (2022) e os R$ 8,8 bilhões citados em 2023.

As emendas parlamentares se classificam em: individuais, de bancada estadual, de comissão e de relator-geral do Orçamento. Para 2024, estão autorizados R$ 49,2 bilhões em emendas dos quatro tipos. Os pagamentos já atingiram R$ 29,8 bilhões, segundo o SIGA-Brasil, na coleta feita por este colunista no dia 9 de agosto, com dados informados pelo sistema até o dia 7.

O volume das emendas parlamentares atingiu patamares impraticáveis. O Poder Legislativo não pode se arvorar na função constitucional do Executivo, que é determinar as prioridades de alocação dos recursos públicos. O Legislativo deve fiscalizar e, sim, pode emendar os orçamentos nas hipóteses constitucionais: por meio do cancelamento de despesas, mormente.

O avanço das emendas é mais um sintoma de que o nosso regime fiscal e orçamentário está doente. A Lei n.º 4.320, de 1964, ainda do Governo João Goulart, segue como a referência em matéria de Finanças Públicas e Direito Financeiro. Avançamos em relação à discussão, fixação e modificação de regras fiscais. Mas deixamos de lado o principal, que é pensar estruturalmente o orçamento público, definir conceitos, regras gerais, normas contábeis, etc.

O Legislativo ocupou o vácuo deixado nessa temática pelo Executivo, desde a promulgação da Constituição de 1988, em prejuízo da qualidade das políticas públicas. É melhor pulverizar meia centena de bilhões de reais em pequenas benesses e pleitos locais ou usar as emendas como um instrumento de reforço das prioridades regionais e nacionais? Para isso é que existe o Plano Plurianual, uma lei que deveria ser tão importante quanto a Lei Orçamentária.

Leia o artigo completo