Depois do IPCA-15, dúvida é se Selic deve seguir dados ou jogo político

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Os números da inflação de um mês não são suficientes para sustentar uma decisão sobre níveis de juros, mas eles colaboram na definição de tendências. O resultado do IPCA-15 de agosto, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (27), mostram mais acomodação do que perspectivas de explosão na marcha inflacionária.

Com alta de 0,19% no mês, acumulado de 3,02% no ano e recuando para 4,35% em 12 meses, contra 4,5% do IPCA cheio em julho, o IPCA-15 de agosto não acentuou as pressões esperadas, decorrentes de uma economia mais aquecida, na qual, com desemprego em queda e massa de salários em alta, tenderiam a pressionar a inflação com mais intensidade.

Viés de baixa

O IPCA cheio do mês, de acordo com boas projeções, registrará alta bem abaixo do que ocorrido no IPCA-15 do mês, em torno de 0,1%, o que levaria a inflação, no acumulado em 12 meses, a ficar abaixo de 4,5%. Previsões também apontam alta na inflação ao final de 2024, nas vizinhanças 4,5%, teto do intervalo de tolerância do sistema de metas, mas num viés de baixa.

Depois de conhecidos os números do IPCA-15 de agosto, projeções do economista Fábio Romão, com experiência em acompanhamento de preços para a LCA Consultores, apontam para 2024, ligeiro recuo sobre a alta registrada no ano passado, de 4,6% para 4,4%. Em 2025, a previsão é de que a alta dos preços recuaria para o entorno de 4%.

Se a inflação parece acomodada, mesmo que não no centro da meta, mas no intervalo definido no sistema de metas, é de se perguntar quais as vantagens de apertar ainda mais os juros básicos, em vez de o governo, no conjunto, trabalhar para estreitar a sintonia entre as políticas monetária e fiscal.

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