De volta a Recife, No Ar Coquetel Molotov celebra 21 anos com 12h de música

há 4 semanas 2

O No Ar Coquetel Molotov retorna a Recife como um dos festivais mais intrigantes e imprevisíveis do Brasil. Em sua 21ª edição, marcada para 7 de dezembro no campus da UFPE, a programação traduz o espírito de um evento que nunca se acomodou. São mais de 12 horas de música em três palcos, onde gêneros como brega, jazz, funk, coco e R&B se encontram, ignorando fronteiras entre tradição e vanguarda. A escolha de um line-up majoritariamente feminino é mais do que um gesto simbólico: é um reflexo do DNA do festival, que desde 2004 é liderado por mulheres e aposta na mistura como força criativa.

Entre os destaques deste ano, o festival traz grandes nomes como Pabllo Vittar, Céu e Tati Quebra Barraco, que dividem espaço com artistas menos conhecidos, mas igualmente instigantes, como Ventura Profana, Ajuliacosta e Gaidaa. Essa combinação improvável é o que dá ao Coquetel Molotov sua cara de laboratório sonoro, onde o público experimenta encontros que não se repetem. É o caso, por exemplo, do show de Jéssica Caitano com o Samba de Coco Raízes de Arcoverde, que promete ser uma celebração visceral da cultura nordestina.

Mais do que uma vitrine de talentos, o festival funciona como um termômetro do que está por vir na música brasileira e internacional. Artistas como Nailson Vieira, jovem brincante da Zona da Mata, e Fykyá, indígena LGBTQIAP+ do sertão pernambucano, mostram como tradições locais podem dialogar com novos formatos e estéticas. É uma curadoria que entende a música como território plural e sem limites, capaz de abraçar tanto o experimentalismo eletrônico de Zoe Beats quanto o soul sofisticado de Amaro Freitas.

O público também é parte essencial dessa alquimia. Quem frequenta o Coquetel Molotov sabe que o festival não entrega apenas shows, mas momentos – sejam eles íntimos ou explosivos. Há algo de caótico e irresistível em ver nomes como Ebony, com sua voz potente do trap carioca, dividindo espaço com o charme dançante de DJ Corello e o experimentalismo de Pedro Chediak. É um evento que entende que música não é só som, mas um território onde memória, corpo e política se encontram.

Este ano, o festival ainda carrega ares de despedida com o último show de Luísa e Os Alquimistas, encerrando quase uma década de trajetória. É um lembrete de que a música é movimento e que, no Coquetel Molotov, nada é definitivo. Assim como em sua essência, tudo está em constante reinvenção. Essa é a força de um evento que consegue manter-se relevante sem se repetir.

Ao longo dos anos, o Coquetel Molotov consolidou-se como um lugar de pertencimento, onde artistas e público encontram espaço para experimentar, errar, dançar e recomeçar. Não é à toa que o festival se tornou uma referência, atraindo parcerias de marcas como Nubank, Natura e Deezer, mas sem perder o espírito independente que o define. Recife será, mais uma vez, palco de um encontro onde música e identidade se confundem, e o Coquetel Molotov reafirma sua posição como um dos festivais mais vitais do país.

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