Os novos empréstimos consignados para trabalhadores do setor privado deverão adicionar cerca de 0,6 ponto percentual ao crescimento do PIB em termos anualizados (aproximadamente R$ 70 bilhões), destacam os economistas da XP em relatório.
Rodolfo Margato e Luíza Pinese, que assinam a análise, ressaltam que o programa tende a estimular a demanda por meio de dois canais principais: (i) um efeito substituição, pelo qual os consumidores trocam dívidas existentes por empréstimos consignados com condições mais favoráveis, reduzindo, assim, o serviço da dívida das famílias; e (ii) um efeito incremental, proveniente da expansão da concessão de crédito devido ao maior acesso ao sistema financeiro.
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Eles ressaltam que os efeitos do novo consignado privado ainda são incertos e as instituições financeiras parecem estar em fase de teste, tendo em vista os desafios operacionais e tecnológicos do programa e o ambiente macroeconômico adverso. “Ainda assim, os dados iniciais são promissores, e o programa tende a ganhar força nos próximos meses, com impacto relevante na atividade”, avaliam.
Do valor total, os economistas acreditam que um terço desse impacto ocorrerá em 2025, com o restante impulsionando o crescimento econômico em 2026.
Já em um cenário alternativo otimista, com substituição mais intensa entre tipos de crédito e estabilidade na razão entre serviço da dívida e renda familiar, o impacto total no crescimento do PIB poderia atingir 1,0 ponto percentual (p.p.).
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“Em nossa visão, o crescimento do PIB deverá desacelerar em relação aos anos anteriores, refletindo inflação mais elevada, política monetária contracionista e instabilidade no ambiente econômico global. Mas programas como o crédito consignado ao setor privado tendem a ser um importante amortecedor para a desaceleração”, avaliam.
De forma a incorporar os efeitos destas medidas, a XP revisou recentemente suas projeções para o crescimento do PIB, passando de 2,0% para 2,3% em 2025, e de 1,0% para 1,5% em 2026. Em 2024, o PIB cresceu 3,4%.
Segundo Margato e Luíza, as novas medidas do governo – com destaque para os empréstimos consignados ao setor privado – foram determinantes para a revisão altista em seu cenário.