Em dezembro do ano passado, os principais bancos centrais do mundo realizaram seu maior esforço de afrouxamento monetário desde a pandemia da Covid-19, com os cortes mais recentes tornando o movimento de 2024 o maior em 15 anos, à medida que as autoridades se preparam para tempos incertos.
Entre os bancos centrais que supervisionam as 10 moedas mais negociadas, cinco dos nove que se reuniram em dezembro reduziram a taxa de juros. Já o Brasil elevou a taxa Selic.
Os bancos centrais de Suíça e Canadá reduziram a taxa em 0,50 ponto percentual cada um, enquanto o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), o Banco Central Europeu e o banco central da Suécia cortaram os custos dos empréstimos em 0,25 ponto percentual cada.
As autoridades de Austrália, Noruega, Japão e Reino Unido deixaram os juros inalterados, enquanto a Nova Zelândia não realizou nenhuma reunião.
Os últimos movimentos de 2024 ocorreram antes da posse de Donald Trump nos Estados Unidos em 20 de janeiro, com incerteza sobre a agressividade com que o presidente eleito implementará suas políticas comerciais e econômicas.
O mês de dezembro marcou o maior número mensal de cortes de juros pelos bancos centrais do G10 desde março de 2020, quando a turbulência causada pela pandemia da Covid-19 agitou os mercados globais.
Os últimos movimentos do ano elevaram o total de cortes de 2024 para 8,25 pontos percentuais —o maior esforço anual de afrouxamento desde 2009.
"2024 foi outro ano forte para os retornos de ativos, já que o crescimento econômico surpreendeu positivamente e os bancos centrais finalmente começaram a cortar as taxas", disse Henry Allen, estrategista macro do Deutsche Bank.
Folha Mercado
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"No entanto, apesar do desempenho geralmente otimista, houve muitos obstáculos ao longo do caminho. Os cortes nas taxas demoraram mais do que muitos esperavam", acrescentou Allen.
Nos mercados emergentes, 14 de uma amostra da Reuters de 18 bancos centrais realizaram reuniões de política monetária em dezembro. A Turquia realizou um corte de 2,5 ponto percentual, enquanto México, Colômbia, Chile e Filipinas reduziram os juros em 0,25 ponto percentual cada.
Enquanto isso, o Brasil acelerou seu ciclo de aperto monetário, elevando a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano.
Os movimentos nos mercados emergentes elevaram o total de cortes em 2024 para 21,6 pontos percentuais —mais que o dobro dos 9,45 pontos percentuais de afrouxamento em 2023. O total de aumentos para os mercados emergentes em 2024 foi de 14,50 pontos percentuais.