Na segunda (29), o Banco Central anunciou que o governo teve um déficit nominal de R$ 135,724 bilhões em junho. O total ficou levemente acima do que o mercado esperava. No ano até junho, o setor público acumula um rombo de R$ 498,225 bilhões, equivalente a 8,91% do PIB (Produto Interno Bruto). Em 12 meses, o total nominal chegou a R$ 1,108 trilhão, ou 9,92% do PIB.
Câmbio também conta
Da última reunião do Copom para cá houve uma piora nos riscos. "O dólar, há 45 dias, estava em R$ 5,30 e agora vem sendo cotado acima de R$ 5,60. Isso é traduzido como mais inflação no futuro. Pelo Boletim Focus, estamos vendo a expectativa de inflação batendo 4,10%, então em função dessa dinâmica, a gente imagina o Copom tendo um tom mais duro", explica Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.
A rixa entre o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o número 1 do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, só piora as coisas. "Tudo isso desancora algumas expectativas. Haddad (o ministro da Fazenda, Fernando Haddad) tem feito esforço em acalmar o mercado que fica nervoso com as falas de Lula, mas não é suficiente. Precisamos de mais detalhes sobre a responsabilidade fiscal. Na prática, não temos visto isso", diz Carlos Hotz, planejador financeiro e sócio-fundador da A7 Capital.
A queda recente dos preços de produtos básicos também entra na conta. Commodities, como ferro e petróleo, são os maiores produtos de exportação brasileira. "Como grande exportador de commodities, o Brasil experimenta flutuações nos preços dessas mercadorias, o que afeta a entrada e saída de moeda estrangeira. Esse fenômeno resulta em aumentos nos preços de energia, petróleo e alimentos e impulsiona a inflação", diz Anderson Ferreira, diretor de distribuição da W1 Capital.
Juros podem subir?
Já se fala no mercado de duas ou três altas de juros antes do fim do ano. "Embora a economia real esteja indo bem, com desemprego caindo, atividade econômica em expansão, os gastos do governo forçam a inflação para cima daqui dois ou três anos", explica Breno Bonani, analista da Alphamar Invest.