Convenções unem ex-rivais, confirmam rupturas e deixam pendências nas capitais na reta final

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A reta final das convenções partidárias consolidou parcerias que uniram antigos adversários, consolidou rupturas, confirmou coligações nas capitais e deixou pendências de vices para serem resolvidas de última hora.

O prazo para as definições vai até esta segunda-feira (5), último dia em que os partidos podem decidir sobre alianças e candidaturas a prefeito e vereador. O registro das candidaturas, depois, vai até o dia 15.

Em Porto Alegre, o PSDB do governador Eduardo Leite definiu neste domingo (4) o apoio a Juliana Brizola (PDT), que foi deputada estadual até 2022. A legenda planejava ter candidatura própria, mas não conseguiu convencer Nelson Marchezan Jr, prefeito de 2017 a 2020, a entrar na disputa.

A decisão foi tomada em meio tensões internas na federação liderada pelo partido. O Cidadania defendeu apoio à reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB), mas os tucanos tinham a maioria dos votos e optaram pelo PDT.

Pesou na decisão o fato dos pedetistas terem apoiado a reeleição de Leite em 2022, ao contrário do atual prefeito, que foi contra o próprio partido e ficou do lado de Onyx Lorenzoni (PL) naquela eleição.

Neta do ex-governador e fundador do partido Leonel Brizola, Juliana Brizola tem uma trajetória mais ligada à esquerda e fez oposição a Leite, a quem chamava de entreguista por causa das privatizações.

Nesta eleição, contudo, buscou construir uma aliança mais ampla e convenceu o deputado Thiago Duarte (União Brasil), que se define como conservador e trabalhista, a ser seu vice.

Outra aliança entre partidos que tradicionalmente estão em campos opostos foi selada em Palmas: a federação formada por PT, PC do B e PV confirmou na sexta-feira (2) o apoio ao deputado estadual Júnior Geo (PSDB), candidato à sucessão da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB).

Em Belo Horizonte, o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito Alexandre Kalil (Republicanos), adversários na eleição para o governo de 2022, dividiram o mesmo palanque na convenção que confirmou a candidatura do deputado estadual e apresentador de TV Mauro Tramonte (Republicanos).

A candidatura foi confirmada neste sábado (3) e confirmou a indicação de Luisa Barreto (Novo) como vice. Um dia depois, contudo, a direção nacional do Novo disse ter sido surpreendida com a aliança com Kalil e disse ter "irreparáveis divergências" com o ex-prefeito. Em resposta, Kalil disse que o Novo só faz parte da chapa porque ele optou por não vetá-lo.

O prefeito Fuad Noman (PSD) definiu o vereador Álvaro Damião (União Brasil) como vice em sua chapa e tenta o apoio do PSDB, cujo pré-candidato João Leite apresentou bom desempenho nas pesquisas. Os tucanos ainda não anunciaram uma decisão final.

Na esquerda, as conversas para uma união entre PT e PDT não avançaram. A chapa do deputado Rogério Correia (PT) foi oficializada com Bella Gonçalves (PSOL) como vice. Já a deputada Duda Salabert (PDT) confirmou neste domingo uma chapa "puro-sangue" com Francisco Foureaux (PDT).

O deputado estadual Bruno Engler (PL) definiu como vice a coronel Claudia Romualdo (PL), que foi comandante da Polícia Militar. O senador Carlos Viana (Podemos), por sua vez, segue com a chapa em aberto.

Em Salvador e no Recife, aliados do presidente Lula (PT) confirmaram suas candidaturas em convenção ancorados por megacoligações.

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), chegou carregado nos ombros de apoiadores na convenção realizada em um clube na zona norte da cidade, onde oficializou uma chapa formada por 12 partidos, que vão desde o PT até legendas conservadores como União Brasil e Republicanos.

Victor Marques, que foi chefe de gabinete da prefeitura e se filiou ao PC do B em uma articulação feita pelo próprio Campos foi confirmado como vice.

Na capital baiana, o vice-governador Geraldo Júnior oficializou neste domingo sua candidatura à prefeitura com o apoio do PT e apostando em uma estratégia de replicar localmente a polarização nacional.

Geraldo entra na disputa com o respaldo dos petistas e de uma aliança de 10 partidos para enfrentar o prefeito Bruno Reis (União Brasil), cujo grupo político comanda a prefeitura de Salvador desde 2013.

No campo bolsonarista, chapas lideradas pelo PL definiram seus vices nos últimos dias. Em Maceió, o prefeito João Henrique Caldas (PL) vai concorrer à reeleição tendo o senador Rodrigo Cunha (Podemos) como vice.

Caso a chapa seja eleita, quem herdará o mandato no Senado será a primeira suplente Eudócia Caldas, mãe do prefeito da capital alagoana.

Em Palmas, a deputada estadual Janad Valcari (PL) recebeu neste sábado (3) o apoio do governador do Tocantins, Walderlei Barbosa (Republicanos). Com a aliança, o vereador Pedro Cardoso (Republicanos), aliado do governador, vai ocupar o posto de vice na chapa.

Alianças entre o PL e o Novo foram oficializadas em João Pessoa e Manaus. Na capital paraibana, o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL), terá como companheiro de chapa o pastor Sérgio Queiroz (Novo), que em 2022 foi o candidato ao Senado mais votado na capital.

Em Manaus, a empresária Maria do Carmo Seffair (Novo) foi confirmada como vice do deputado federal Capitão Alberto Neto (PL).

A confirmação da chapa sela o racha entre Bolsonaro e o governador Wilson Lima (União Brasil), que estarão em palanques opostos. Lima vai apoiar o deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil), que bolsonarizou sua chapa escolhendo como vice o Coronel Menezes (PP), amigo e compadre do ex-presidente.

A direita também deve rachar em Belém, onde Bolsonaro apoia o deputado federal e delegado Éder Mauro (PL). Correndo mesma raia, o delegado Everaldo Eguchi, candidato apoiado por Bolsonaro em 2020, oficializa sua candidatura nesta segunda-feira pelo PRTB.

A principal pendência do PL está no Rio de Janeiro, onde o deputado federal Alexandre Ramagem segue sem definir o seu vice. Cotada para ocupar o posto, a deputada estadual Tia Ju (Republicanos) recusou o convite e anunciou sua decisão em um vídeo postado neste sábado em uma rede social.

O partido ainda não definiu posicionamento em São Luís, no Maranhão. A ala do partido ligada ao deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) defende apoiar o deputado estadual Duarte Júnior (PSB), cria política do ex-governador Flávio Dino, hoje ministro do STF (Supremo Tribunal Federal).

Nacionalmente, contudo, o PL proibiu coligações com partidos de esquerda e a ala bolsonarista tensiona para que a parceria não se concretize. A família Bolsonaro, por sua vez, anunciou apoio ao deputado estadual Yglésio Moyses, atualmente filiado ao PRTB.

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