Ela destaca a importância da interoperabilidade de dados. "Se a gente tivesse a informação de todas as pessoas de uma forma que pudesse entender essa dinâmica dessa população, entender esses dados, a gente ganharia muitíssima eficiência no sistema", declarou.
O uso dos dados como um mecanismo de informação e de eficiência, que eu acho que é um desafio grande que a gente está atravessando.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
A gente tem que remover a barreira e conseguir fazer uma transformação digital profunda e importante, para que a gente tenha os dados disponíveis, entenda o sistema e possa ganhar eficiência.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
A Roche é uma empresa global, pioneira em produtos farmacêuticos e de diagnóstico. Fundada em 1896, tem sede na Basileia (Suíça) e atua em mais de 100 países, entre eles o Brasil. Mais de 30 medicamentos desenvolvidos pela Roche, estão incluídos na lista de medicamentos essenciais da OMS (Organização Mundial da Saúde), entre eles antibióticos, antimaláricos e medicamentos contra o câncer.
Em 2023, a Roche Farma Brasil registrou faturamento de R$ 4,2 bilhões —crescimento de 14% em relação a 2022.
Diálogo entre os atores do sistema de saúde
Para ela, o primeiro desafio da saúde no mundo e no Brasil é uma discussão mais ampla. "É a gente não discutir a saúde da perspectiva da doença e dos tratamentos. Mas a gente discutir a saúde da perspectiva do bem-estar físico, mental e social. E no entendimento de que toda a sociedade, todos os ministérios, interferem na saúde da pessoa", declarou.
Não existe mais espaço para cada um defender o seu quintal. Nem a indústria, nem o sistema privado, nem o sistema público, nem as operadoras. É o momento em que todo mundo tem que sentar e dialogar em prol de encontrar uma solução que o sistema seja sustentável no médio e longo prazo e que continue servindo ao seu propósito, que é atender os pacientes.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
A intenção é saber como dar acesso e incluir todos os pacientes que necessitam de atendimento. "E como nós, atores desse sistema, somos capazes de dialogar e encontrar uma solução para isso?", disse ela.
A gente não vai conseguir solucionar o problema ou discutir as questões da saúde, se não fizer uma abordagem mais ampla, se não entender que a saúde passa pelo bem-estar físico, mental e social e que todos os aspectos da sociedade interferem naquela pessoa e na saúde dela.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
Resistência bacteriana
Lorice disse que há uma ameaça iminente: a resistência bacteriana. "Vai chegar um momento em que a gente vai ter uma infecção por uma bactéria, e não vai ter um antibiótico para isso. Porque o uso indiscriminado de antibióticos faz com que você comece a ter uma seleção natural de bactérias mais resistentes", declarou.
"Por isso, eu digo que é uma questão mais profunda. Quando a gente fala da dengue, a gente pode falar do tratamento da dengue, mas onde começa a criação do mosquito? Na falta de infraestrutura básica, na água parada, na falta de saneamento básico, na falta de educação", afirmou.
Na entrevista, ela reforça que a saúde é formada pelo sistema público, privado e pelo indivíduo. "Acho que a covid-19 trouxe também para a gente essa questão. E foi muito específico durante 2020 e 2021, a gente viu muito mais as pessoas preocupadas, elas mesmas, e tomando as rédeas de usar a máscara, de fazer o teste. Eu acho que teve um momento de lucidez, de responsabilidade", disse.
Estaríamos preparados para qualquer ameaça futura, se existisse, se existir esse diálogo e esse entendimento, que é responsabilidade do Estado, responsabilidade do privado e responsabilidade do indivíduo.
Lorice Scalise, presidente da Roche Farma Brasil
Diversidade e inclusão
Na entrevista, Lorice disse que a companhia investe em diversidade e inclusão. "Na Roche, a gente tem um esforço enorme sobre a diversidade, a equidade e a inclusão. A gente acredita profundamente que isso enriquece o ambiente, as discussões ampliam", declarou.
Na Roche, há seis frentes de diversidade. Segundo Lorice, os grupos são de mulheres/igualdade de gênero, homens, LGBTQIA+, PcDs (pessoas com deficiência), afrodescendentes e gerações (grupo voltado à pauta do etarismo). "Eles estão todos dentro de uma governança. Eles estão todos alinhados à nossa estratégia. Como a gente convive com todas as diferenças e todas as gerações", declarou.