Compulsão permeia o alcoolismo e mais vícios, como jogos e cigarro

há 2 meses 3

Compulsão. Essa palavra permeia todas as doenças que envolvem vício. Nunca me esqueço de que não largava a garrafa enquanto tomava uma no bar. Não deixava o copo nem perto do vazio e já queria enchê-lo de novo.

Isso é normal para quem tem uma doença como o alcoolismo. A compulsão fala sempre mais alto. Tenho uma amiga que se perdeu no jogo. Ela não conseguia parar: ganhava e perdia dinheiro. Mas o final sempre era triste, saía com dívidas enormes.

Também vi, nesses meus tempos de sobriedade, pessoas que fizeram a cirurgia bariátrica e trocaram a comida pela bebida. Se tornaram alcoólatras. Magras e alcoólatras. É comum.

O mesmo ocorre com quem fuma demais, às vezes o vício empurra mais cigarros do que a pessoa gostaria. E ela acorda com gosto de cinzeiro.

Comigo também já aconteceu com remédio. Queria achar um alívio para além do álcool, a bebida já não dava mais conta de tanta ansiedade, e eu exagerava nos ansiolíticos. Essa compulsão me acompanhou durante muito tempo. Depois, em sala de AA, fiquei sabendo que essa mistura é uma forma de acelerar o alcoolismo.

Quando não bebia (raríssimas ocasiões...), para conseguir me acalmar, tomava remédio mas não tinha paciência para esperar o efeito. Então mandava ver mais do que o médico havia prescrito. Os médicos, aliás, não sabiam o que fazer comigo. E acredito que muitos ainda desconhecem como lidar com uma alcoólatra. Há exceções, claro, mas são poucas.

Nas consultas o médico me prescrevia a receita e pedia para eu beber menos, como se isso fosse possível. Eu saía com várias receitas e ainda com o salvo-conduto de poder beber. (Era para beber menos, não? Não me diziam para parar de beber.)

Seguia feliz e contente para o bar, no começo sem os remédios, que ainda existiam apenas na prescrição recém-adquirida. Depois o álcool não era suficiente para me ajudar e eu levava o remédio na bolsa. E aí o círculo vicioso começava. Tomava umas e não ficava calma, daí entrava com os remédios.

No meu entendimento, é difícil segurar a compulsão. Muitas vezes só uma internação pode dar uma trégua.

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