Comparativo Fiat Toro vs. Ram Rampage: família, família, negócios à parte

Com cerca de 1 ano de mercado, a Ram Rampage surfa no sucesso da Fiat Toro e se apresenta como um produto superior, mais caro e moderno para quem quer a etiqueta da marca norte-americana, mas não o preço nem o tamanho das irmãs maiores. Até onde vale a pena pagar esse valor extra para levar a Rampage e deixar a Toro no estoque da concessionária? 

Vamos ver isso na prática. Para equilibrar a comparação, escolhemos Rampage e Toro com o motor 2.0 turbodiesel, único que compartilham. Segundo, aqui estão as versões mais completas de cada uma com esse conjunto: Fiat Toro Ultra (R$ 212.990) e Ram Rampage Laramie (R$ 262.990), que mesmo com muito em comum, estão separadas por R$ 50 mil na hora de fazer o Pix. 

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As duas picapes compartilham mais do que o motor 2.0 turbodiesel. A composição é de um câmbio automático de nove marchas (fornecido pela ZF) e o sistema de tração integral de distribuição automática e função reduzida, que na verdade é a primeira marcha da caixa, não uma caixa de redução por completa tradicional. Diferente dos modelos da Jeep com esse conjunto, nenhuma das picapes tem o seletor de modos de condução.

Aqui já percebemos algumas diferenças e evoluções da Rampage, o projeto mais novo. Apesar de ser o mesmo motor, com 170 cv, a Ram usa a versão melhorada apresentada no Jeep Commander, com 38,8 kgfm de torque, contra os 35,7 kgfm da Toro. Mais do que esse pequeno ganho de força, essa versão tem um turbo diferente e melhorias no mapeamento de controle para ficar mais responsivo, além desse torque extra. Curiosamente, a atualização usa menos óleo lubrificante, algo que deixam bem claro na cobertura do motor para quem for fazer essa troca não errar.

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Parece besteira, mas esse ato de reduzir a quantidade de lubrificante é o "pelo em ovo" em busca de menor consumo e emissões. Um sistema de lubrificação mais eficiente reduz não só o peso, mas também algo a menos para gerar atrito e tirar potencial energético do conjunto completo - a Toro pede até 4,8 litros na troca, enquanto a Rampage fica com até 4,2 litros considerando o filtro. 

Quer ver outra evolução escondida da Rampage? A Toro Ultra pesa 1.932 kg, enquanto a Rampage Laramie, de 1.942 kg, usa materiais mais leves na sua estrutura e construção, e mesmo com porte maior, tem apenas 10 kg a mais. Já em números de teste, essa evolução do 2.0TD fez a Rampage beber menos na cidade, marcando 10,2 km/litro, contra os 9,8 km/litro da Toro que, no tanque, significa uma autonomia urbana 24 km maior. Na estrada, a Toro aproveita seu porte menor para marcar 15,8 km/litro, contra os 15,1 km/litro da Rampage. 

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Rampage e Toro compartilham a plataforma Small Wide. Pelas fotos, dá para perceber que a Ram é maior, mas vamos aos números: 83 mm em comprimento; 106 mm em altura e 28 mm em largura. Só que a mais nova bate na limitação da plataforma com entre-eixos, que com 2.994 mm, é 12 mm maior que a irmã menor por posicionamento de eixos, não pelo espaço na cabine. 

Só que se olhar a Rampage sozinha, ela parece ainda maior. É o truque do design e chapas que criam essa sensação, como os para-lamas mais largos e um capô mais vincado e aparente - por dentro, dá pra ver onde ele tem um excesso por design. Basta reparar na foto das duas com o capô aberto que o extra é de peças de estamparia e plástico, não estrutural. A Ram usa muito compartilhado com o Commander, como portas e parabrisa, enquanto a Toro é mais parecida com um Compass, por exemplo. 

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Isso passa até pela quantidade de cromados que a Rampage tem na versão Laramie, além do tamanho das peças, como a grade, retrovisores e até mesmo as rodas de 18" com acabamento diamantado. A Toro Ultra vai pra um lado mais sóbrio, com os detalhes em preto, rodas com borda diamantada e a exclusiva capota em fibra, com uma (falsa) sensação de porta-malas. 

Como picapes diesel, a capacidade de carga é obrigatoriamente acima de 1 tonelada. Só que as duas caçambas não são tão grandes, mas a Rampage tem o compartimento principalmente mais alto, o que a leva aos 980 litros, contra os 937 litros da Toro. A Ram tem a tampa com abertura tradicional, enquanto a Toro tem a sua característica tampa dupla que divide opiniões sobre a utilidade e praticidade.

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Eu gosto de chamar a Rampage de segunda geração da Toro. Sim, é uma evolução em diversos pontos técnicos, apesar de outros ainda serem os mesmos. Por exemplo, a Rampage tem as bitolas mais largas e isso colabora no conforto da suspensão e em como a direção se comporta - isso entra também na maior rigidez estrutural.

Mesmo com o mesmo motor, a Rampage é mais refinada. Vibra menos e tem melhor isolamento acústico, além de um rodar mais suave. A Toro ainda é boa para um projeto de 2016, mas a sua prima trouxe melhorias que gostaríamos de ver nela em algum momento. Entre a Toro e a Rampage, a engenharia da Stellantis aprendeu muito e fez muito, como o Commander. Lógico, dirigir as duas ainda tem pontos semelhantes, como o câmbio de 9 marchas um pouco indeciso em alguns momentos e a manobrabilidade bem ruim se você tem uma garagem apertada.

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As duas se comportam quase como SUVs, mas a Rampage é mais clara nesse sentido. A Toro é menor, mas a direção da Ram é mais direta e comunicativa e até as respostas dos freios é melhorada - a Toro usa tambor na traseira, enquanto a Rampage se rendeu aos discos ventilados para dar conta, nas versões mais caras, de 272 cv. 

Só que ambas usam a mesma plataforma e sua limitações. Por exemplo, o espaço no banco traseiro é bem similar, com uma leve vantagem para a Ram pelo formato mais quadrado da cabine. Nos bancos dianteiros, um pouco mais de largura nos dão bancos mais confortáveis e um console central maior, mas não ache que está em uma Ram 1500. 

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Mas os R$ 50 mil de diferença ainda estão em jogo. O acabamento da Rampage é superior ao da Toro, com materiais suaves ao toque e um jogo de cores e texturas que agradam. O painel de 10" faz par com a central multimídia - que, curiosamente, ficou em pé como as Ram maiores apenas na Toro. A picape da Fiat não nega suas origens e um pouco da idade em detalhes, com mais plásticos rígidos apenas texturizados, painel de 7" e até o freio de estacionamento na clássica alavanca a deixam bem mais simples do lado da Rampage. Só que ainda dividem peças, como a chave de seta e a régua de botões no console central.

Na mesa, a Rampage, desde a versão Rebel (R$ 251.990 com motor 2.0TD), é mais completa que a Toro topo de linha. Há piloto automático adaptativo, alerta de ponto-cego, central de 12,3", painel de 10,3", 7 airbags, além do sistema de som assinado pela Harman Kardon como opcional e outros detalhes. Ambas tem ar-condicionado automático de duas zonas, chave presencial com partida remota e alerta de colisão com frenagem automática, entre os principais itens. 

É um dinheiro considerável, que significa um seguro ou algum outro investimento que você vá fazer na sua vida. Por isso que a Toro ainda tem um espaço significativo em vendas, mesmo essas versões mais caras, depois da chegada da Rampage. Se não for fazer diferença, leva a Rampage e suas evoluções - até mesmo em uma versão mais barata -, mas caso não, a Toro ainda é um bom produto que vai te atender muito bem. Estão bem posicionadas nessa briga interna, com certeza.

Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com)

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