Como o estresse pode atrapalhar sua busca por saúde e longevidade

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Você sente que consegue dar conta de fazer tudo o que precisa nas 24 horas do dia? Estudar, trabalhar, fazer exercício, cuidar da família, ter uma alimentação saudável, manter a casa em ordem, dormir bem, ter momentos de lazer...

Ao tentar equilibrar tudo, um ou outro pratinho acaba caindo. E, quando você se dá conta, o estresse começa a fazer parte do dia a dia —e isso é um problema para sua saúde.

Um passo atrás. O estresse é uma reação natural do organismo diante de uma situação de perigo, ameaça ou pressão. Uma espécie de mecanismo de defesa.

O sistema nervoso libera hormônios como adrenalina e cortisol, que deixam a pessoa mais atenta, focada e em alerta, explica a psicóloga Natalia Reis Morandi, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

O estresse agudo, que acontece de forma pontual, é, na verdade, positivo. Ele não só garante mais atenção e foco, mas também promove uma melhora temporária na imunidade.

↳ Isso acontece em humanos e em outras espécies de animais, diz Moisés Bauer, professor em imunologia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e doutor em neuroimunologia.

Imagine a situação: uma zebra precisa fugir de um leão na savana. Ela tem que dar tudo de si, então o estresse fornece hormônios que deixam o corpo em alerta para acionar a velocidade máxima e ter reações rápidas.

Essa situação estressora também gera uma resposta na imunidade. Células de defesa, os linfócitos, são mobilizados para preparar o corpo para a ameaça —uma eventual infecção depois da mordida do predador, por exemplo.

Em humanos, acontece o mesmo. "Os mesmos hormônios que aceleram os batimentos cardíacos têm uma capacidade de ativar aspectos da imunidade. Então, o estresse agudo pode ser benéfico", afirma Bauer.

O problema... é quando a exposição ao estresse é prolongada, transformando-o em uma condição crônica.

Sobrecarga de trabalho, dificuldades financeiras, problemas de saúde... São situações geram alerta e tensão constante. E aí começam os malefícios à saúde física e mental.

Quais as consequências? O estresse crônico tem dois efeitos muito importantes, que debilitam o corpo e podem causar doenças: queda da imunidade e aumento da inflamação.

Parece contraditório, mas não é. O estresse gera um desgaste nos mecanismos de defesa do corpo, o que faz com que infecções apareçam com maior frequência, explica Bauer.

↳ Já deve ter acontecido com você. Depois de uma semana super estressante, quando as coisas parecem se acalmar, lá vem ele: o resfriado. Provavelmente foi o estresse que afetou as células do seu sistema imune.

A outra face do estresse é a inflamação crônica, que não afeta um órgão em específico, mas o corpo como um todo.

↳ A magnitude é diferente de uma cutícula inflamada ou da inflamação pulmonar causada pela Covid-19, de acordo com o professor. Mas é persistente, com alterações nas proteínas e células que fazem parte do processo inflamatório.

Inclusive, o processo de envelhecimento biológico é acelerado em pessoas que sofrem de estresse crônico, segundo Bauer.

  • Em vez de gastar horrores com cremes anti-idade, que tal tentar manter seu organismo menos estressado?

E quais as doenças relacionadas ao estresse? Veja os principais quadros:

Doenças cardiovasculares

O aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca eleva o risco de doenças do coração, principalmente infarto e AVC (acidente vascular cerebral).

O estresse também pode facilitar os vasoespasmos (constrição repentina dos vasos sanguíneos) e alterar a coagulação, explica Luciano Baracioli, cardiologista da Unidade Coronária do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).

Ele ainda se relaciona com outros fatores de risco para esse tipo de doença, como o tabagismo, a má alimentação e o consumo de álcool. "Pode desencadear mudanças comportamentais que são agravantes nesse contexto", diz Baracioli.

Doenças autoimunes

Por causa do aspecto inflamatório, o estresse pode ser, a longo prazo, gatilho para o aparecimento de algum quadro. "Não o único, mas claro, um dos gatilhos, um dos fatores de risco", explica Bauer.

Quem já tem um diagnóstico —como artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla, psoríase, vitiligo, diabetes tipo 1, entre outros— precisa se empenhar para controlar o estresse e evitar o agravamento do quadro.

Distúrbios de sono

A exposição ao estresse é um dos principais fatores desencadeantes da insônia (lembra-se dela?). E, se há privação de sono, as consequências à saúde são inúmeras.

Problemas gastrointestinais

Diarreia, constipação, refluxo gastroesofágico e síndrome do intestino irritável são exemplos de problemas intestinais relacionados a questões emocionais, como estresse e ansiedade.

A lista continua, incluindo quadros de ansiedade, outras doenças inflamatórias como a diabetes tipo 2, e tem até uma relação com o câncer, por enfraquecer o sistema imunológico.

Agora, vamos às boas notícias: tudo isso pode ser atenuado. Controlar o estresse pode reverter o cenário: aumentar a imunidade, baixar a inflamação e trazer o envelhecimento para o ritmo esperado para sua idade.

  • Nem sempre é possível ter a escolha de atenuar o estresse. Algumas questões fogem do controle individual, como aspectos socioeconômicos ou de saúde.

Mas os especialistas deram algumas dicas para quem quer aliviar situações estressoras:

  • Inclua exercício físico na rotina —e não precisa ser em academias caras. Comece com caminhadas semanais e vá evoluindo;
  • Coloque seus hobbies em prática. Reflita sobre o que gostaria de fazer no tempo livre e tente inserir a atividade no dia a dia;
  • Cultive bons relacionamentos, sejam eles amorosos, familiares ou amizades. Reserve parte do seu tempo para conversar e estar perto de quem te faz bem;
  • Tenha uma alimentação equilibrada, evitando ultraprocessados e excesso de gordura e açúcar;
  • Aposte em técnicas de relaxamento, como mindfulness (leia mais aqui), ioga ou meditação;
  • Organize seu tempo e saiba priorizar tarefas. Entenda o que precisa ser feito imediatamente e o que pode ficar para depois;
  • Busque ajuda profissional. A psicoterapia pode ajudar a manejar as situações de estresse.

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