Como escolher o prazo dos títulos do Tesouro Direto

há 1 dia 4

Prestar atenção à rentabilidade não é o único critério que um investidor deve considerar ao comprar um título do Tesouro Direito.

Definir objetivos –de curto, médio ou longo prazo–, atentar-se às condições de mercado e, se possível, diversificar são alguns conselhos para potencializar os resultados.

Escolher um prazo apropriado também é importante para não se expor a perdas ou ficar preso a um investimento que não seja rentável.

No programa do Tesouro Nacional, existem cinco tipos de títulos: Tesouro Selic, Tesouro IPCA, Prefixados, Tesouro Renda+ e Tesouro Educa+.

O Tesouro Selic, um título pós-fixado, tem rentabilidade atrelada à Taxa Selic, hoje em 14,25% ao ano. O título IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acompanha a inflação medida pelo índice, mais uma taxa prefixada de juros (que, na última semana, chegou a até 8%).

Os títulos prefixados são aqueles com taxa de juros fixa, ou seja, o investidor já sabe o valor quando decide comprá-los. A rentabilidade anual deles variou entre 14,86% e 15,12% na última semana.

Também existem os títulos temáticos Educa+ e Renda+, voltados para a aposentadoria complementar e a educação universitária dos filhos (ou a do próprio poupador), respectivamente. Eles também acompanham o IPCA e têm rentabilidade adicional de até 8,15%.

Esses títulos têm diferentes vencimentos, que, hoje, vão de 2026 a 2065. Para especialistas, ao escolher um desses prazos, o investidor deve compreender seus objetivos e o que pretende com o ativo.

Títulos mais longos são indicados para planos de maior prazo. "Se estou guardando dinheiro para comprar uma casa, isso pode demorar alguns anos, e é bom ter uma proteção contra a inflação. O Tesouro IPCA é o mais indicado", diz Luigi Wis, especialista em investimentos da plataforma Genial.

Ele, contudo, destaca que é importante que o investidor se atente aos vencimentos, para não sacar o dinheiro antes da hora.

Isso porque os títulos sofrem alterações de preços ao longo do tempo. Na prática, chamada de marcação a mercado, o investidor se expõe ao risco do ativo de vender um ativo com valor abaixo do que foi comprado.

Caso mantenha o ativo até o vencimento, o investidor receberá a rentabilidade contratada.

"Para a reserva de emergência, que exige um prazo mais curto, o Tesouro Selic é o mais recomendado. Um título pós-fixado sofre pouca ou nenhuma marcação a mercado. Já o pré-fixado é para o investidor que analisa que a taxa de juros pode cair e decide especular algum ganho", afirma Luigi.

O recomendado é não investir apenas considerando títulos cuja rentabilidade prometida é maior. "O maior prêmio não é necessariamente a melhor escolha, especialmente se vier acompanhada de riscos que o investidor não está disposto a assumir", diz Antônio Sanches, analista de research da Rico.

"Em cenários de incertezas, prazos mais curtos podem oferecer mais segurança e flexibilidade. Por outro lado, para quem tem um horizonte de longo prazo e consegue suportar eventuais oscilações, títulos mais longos podem capturar prêmios maiores", diz.

Títulos com prazos mais curtos se tornaram tendência com a alta da taxa Selic. Segundo dados do Tesouro Direto, ativos com vencimentos entre 1 e 5 anos representaram 73,3% daqueles comprados em janeiro de 2025. No mesmo mês, em 2024, o cenário era diferente: o prazo predileto para títulos era entre 5 e 10 anos, com 49,6%.

Para Camilla Dolle, head de renda fixa do research da XP, o que explica o fenômeno é a aversão dos investidores ao risco. Para ela, os clientes têm priorizado títulos atrelados à Selic, com prazos menores, para se proteger das oscilações com prazos mais longos.

"No começo de 2024, a perspectiva para o ano era de uma taxa de juros de um dígito. Em 2025, a previsão é de chegar a 15% ou até passar disso", diz.

Getúlio Ost, gestor de renda fixa e multimercados na SulAmérica, afirma que a incerteza fiscal se mantém em 2025, o que afeta as projeções da economia.

"Há muita incerteza também no cenário internacional, e os impactos disso sobre o comércio e a inflação. Olhar títulos de longo prazo exige uma clareza maior sobre reformas estruturais, algo que não está na mesa", diz.

Ele, contudo, adverte que alguns títulos vivem momento histórico positivo, como o Tesouro IPCA+. "Um retorno de mais 7,5% é historicamente atrativo", afirma.

Levantamento da Rico mostra que o título IPCA+ 2035, com juros semestrais, teve rentabilidade acima de 7,5% apenas em 2% dos dias, desde que foi emitida em 2010.

Segundo Antônio Sanches, da Rico, o Tesouro Selic também um ativo seguro e com poucas variações. "Quando o investidor não tem um objetivo específico e busca apenas preservar o patrimônio, ele é a opção adequada".

Folha Mercado

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Especialistas afirmam que a expectativa é de que a economia brasileira continue beneficiando os ativos de renda fixa, como o Tesouro Direto, durante este ano. De acordo com Getúlio, da SulAmérica, um debate sobre reformas estruturais não deve acontecer com a proximidade das eleições de 2026.

Luigi Wis, da Genial Investimentos, concorda. "Se o governo estimular a economia, o Banco Central pode manter os juros altos. Neste cenário, os títulos de renda fixa continuarão pagando mais", diz.

Segundo o boletim Focus do Banco Central, da última semana, economistas esperam a taxa básica de juros Selic termine 2025 em 15%.

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