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IE | Como criar hábitos
Um guia em newsletter com dicas de como abandonar hábitos ruins e criar novos no lugar
- Identificar o hábito que você quer mudar;
- Identificar qual o gatilho que leva para o hábito, ou seja, quais sentimentos lhe empurram pra ele;
- Identificar a recompensa que esse hábito traz.
Mas o que mais dá para fazer? Para conter a força do hábito, é preciso desenvolver a habilidade de prestar atenção.
Parece bobo, não é? Mas passamos metade do tempo das nossas vidas no piloto automático. É o que revela um estudo dos psicólogos Matthew Killingsworth e Daniel Gilbert, da Universidade de Harvard (EUA): em 46,9% do tempo, não estamos prestando atenção no que fazemos.
Há uma maneira de sair do piloto automático e ela é o tema da edição de hoje: a atenção plena.
Talvez você tenha ouvido sobre ela, também conhecida como "mindfulness", termo em inglês.
Atenção plena não é somente prestar atenção, mas sim fazer isso de uma maneira particular: com propósito, no momento presente e sem julgamentos.
Precisamos estar engajados com nossa respiração, nosso corpo, os sons que escutamos, as etapas das tarefas que realizamos… Tentar pausar o turbilhão de pensamentos que surgem a todo instante em nosso cérebro.
Para que entenda melhor, proponho um exercício:
Vou dar a você cinco tarefas. Antes de cumpri-las, quero que pare por alguns segundos e preste atenção na sua própria respiração.
Depois de inspirar e expirar cerca de cinco vezes, prossiga a leitura abaixo e realize as tarefas de forma devagar, mantendo a respiração tranquila.
- Olhe ao seu redor e encontre cinco cores diferentes;
- Identifique também quatro texturas. Toque-as com a ponta de seus dedos;
- Perceba três sons diferentes ao seu redor;
- Identifique dois cheiros —pode ser o cheiro do seu cabelo, do seu perfume ou de um livro;
- Sinta o gosto em sua boca.
E aí? Conseguiu silenciar, nem que seja um pouco, os pensamentos, ânsias, e pendências em sua mente?
Esse exercício é uma forma de mostrar que nosso corpo, nossa respiração e nossos sentidos são uma âncora para desligar a máquina do hábito.
Quando estamos sob algum tipo de estresse, a tendência é fazer tudo no automático. É preciso se questionar: o que estou fazendo? Por que estou fazendo? Como estou fazendo?
Exemplos:
- Se você tem o hábito de comer como forma de aliviar o estresse… Pare, respire, saboreie a comida. Se for um chocolate, isso pode fazer com que você coma apenas um quadradinho, o suficiente para matar sua vontade, e não uma barra inteira.
- Se você quer criar o hábito de ir para a academia… Quando estiver em casa em seu tempo livre mexendo no celular por horas, pare e reflita sobre o que está fazendo. Por que está usando seu tempo para isso? De que forma está fazendo isso?
Quando notamos o que fazemos no automático, a tendência é que repensemos as ações. Por isso, após identificar o hábito que você quer eliminar, tente passar a prestar atenção nele. Foque em sua respiração, no que você está vendo, ouvindo, sentindo e pensando.
E depois disso? Devo trocar um hábito por outro? Como me manter motivado? Na próxima edição, darei dicas de como tornar essa mudança de hábitos algo possível.
Quer se aprofundar? Trago dois livros como recomendação:
- "Nudge: Como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade", de Richard H. Thaler e Cass R. Sunstein
- "Desconstruindo a ansiedade: Um guia para superar os maus hábitos que geram agitação, preocupação e medo", de Judson Brewer
Esta edição foi produzida em parceria com a The School of Life, organização global referência no desenvolvimento e na aplicação do autoconhecimento, e teve colaboração de:
Alain de Botton. Fundador e CEO Global da The School of Life. É filósofo e escritor best-seller, conhecido por trazer a filosofia para o cotidiano.
Desirée Cassado. Professora em cursos da The School of Life, psicóloga pela UFScar, mestre em psicologia experimental e em terapia comportamental pela USP.
Saulo Velasco. Diretor de Aprendizagem da The School of Life, onde ministra cursos. Psicólogo, com pós-doutorado em psicologia experimental pela USP.