A exposição "Indomináveis Presenças", em cartaz até 7 de abril no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), propõe ao visitante um percurso que passa por diferentes linguagens da arte para conhecer o trabalho de jovens artistas negros, indígenas e LGBTQIA+ de diferentes partes do Brasil.
A montagem da mostra remete à ideia de natureza, que também está presente na paisagem sonora, nas pinturas e fotografias expostas. Elementos com cores terrosas e em formatos de plantas como, a espada-de-são-jorge, completam o ambiente que recebe as 114 obras de 21 artistas diferentes.
Luana Kayodê, produtora cultural e uma das curadoras da exposição, explica que a escolha da natureza como fio condutor não foi feita por acaso. A produção de cada um dos participantes, explica, possui características únicas que se complementam ao se encontrarem, dinâmica semelhante à que acontece com diferentes espécies de plantas que convivem em um ecossistema.
Os temas abordados são diversos. Identidade e ancestralidade negra, por exemplo, se fazem presentes nas fotografias de Helen Salomão; as imagens produzidas por Mayara Ferrão utilizam a tecnologia para retratar o amor entre mulheres; já a artista indígena e trans Uyrá Sodoma trabalha com performances intimamente ligadas às paisagens naturais.
A intenção da mostra, segundo a curadora, não é fazer um retrato da arte negra ou indígena atual, mas aguçar o olhar do visitante para temáticas que nem sempre são vistas no mercado da arte e que, quando apresentadas em coletivo, ganham visibilidade.
"Se cada um deles tivesse tentado sozinho, não chegaria até espaços como esse, mas, juntos, a gente parte dessa união, vai criando raízes e pode, individualmente, começar a existir."
"Indomináveis Presenças" nasce de um mapeamento feito pela AfrontArt, empresa de impacto social criada por Kayodê em 2020, para promover ações que incentivam o protagonismo negro nas artes visuais.
"O mapeamento é sobre dar oportunidade a artistas que não estão em galerias, mas que têm uma identidade, um trabalho super forte, mas que o mercado, por ser branco e ainda muito racista, coloca esses artistas num lugar menor."
Após deixar São Paulo, a mostra que já passou por Brasília segue para o CCBB do Rio de Janeiro, onde fica em cartaz de 29 de abril até 30 de junho.
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