A unidade da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto encontrou em seu campus quatro macacos bugio mortos que receberam laudo positivo para febre amarela. Após a análise preliminar feita pelo Laboratório de Virologia da Faculdade de Medicina na segunda-feira (6), o Ministério da Saúde diz ter enviado, no mesmo dia, 100 mil doses extras de vacina contra a doença para o estado de São Paulo.
Os animais foram encontrados pela guarda universitária na ronda no final de dezembro e encaminhados para a análise. A Secretaria Municipal de Saúde deu início à campanha de vacinação na sexta-feira (3). Segundo a Prefeitura, não há registros da doença em humanos.
À Folha, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo também diz que remanejou 55 mil das doses já antes disponíveis para o Grupo de Vigilância Epidemiológica de Ribeirão Preto.
"A importância da detecção precoce da circulação do vírus em primatas não-humanos, os macacos, e principalmente os bugios, é que nos mostra que o vírus está circulando. Então, a gente tem que instituir todas as medidas possíveis para impedir que atinja humanos", diz Benedito Antônio Lopes da Fonseca, médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Os macacos, no entanto, não transmitem o vírus. O transmissor da febre amarela silvestre —que acontece nas áreas rurais e florestas—, são os mosquitos Haemagogus e Sabethes. Essas são as áreas mais comuns de circulação do vírus. Nas cidades, o mosquito transmissor é o Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue e da chikungunya.
Por isso, além de atualizar a carteira de vacinação, é importante que a população use repelentes de inseto, eliminem possíveis focos de mosquitos transmissores e evitem adentrar áreas de mata densa. Benedito Fonseca diz que, se for imprescindível para um indivíduo entrar em matas ou florestas de circulação, deve-se usar calças e camisas compridas, evitando expor partes do corpo.
A vacinação padrão é feita em uma única dose que dura toda a vida. Segundo o médico infectologia e epidemiologista professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Fernndo Bellissimo Rodrigues, as exceções são crianças de até cinco anos. "As crianças são vacinadas em duas doses, uma aos nove meses e outra aos quatro anos. Quem recebeu uma única dose depois dos cinco anos não precisa da segunda."
O médico informa que há pessoas que precisam passar por uma análise de risco-benefício antes de tomar a vacina. São essas pessoas as gestantes, que estão amamentando e os idosos. Já a população que tem o vírus HIV e não está em tratamento e as pessoas que estão realizando quimioterapia e tratamentos supressores não devem se vacinar, devido à baixa imunidade.
Os principais sintomas de febre amarela são inespecíficos, como febre, dores de cabeça e no corpo, fadiga, náusea e vômito. Em um caso mais avançado da doença ocorre também a chamada icterícia, que é o amarelamento da pele e dos olhos.