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Um guia com dicas de filmes e séries para assistir no streaming
Pode ser efeito da contração da indústria televisiva pós greves de 2023, ainda nos ecos da pandemia, pode ser uma impressão, pode ser só coincidência, mas 2024 foi um ano com menos despedidas dolorosas ou dramáticas de seriados, ao menos na minha dieta de séries.
Se no ano passado chegaram ao fim programas adorados por público e crítica como "Succession", "Barry" e os meus queridos "Reservation Dogs", neste ano não tem nenhum superfenômeno em seus últimos suspiros na lista dos indicados ao próximo Globo de Ouro, por exemplo. Todo mundo ali, em comédia ou em drama, é novo ou ainda terá uma nova temporada.
Mesmo assim, há várias séries que encerraram suas histórias nestes últimos 12 meses, com data marcada ou de surpresa, depois de apenas uma temporada ou, o que é cada vez mais raro, após várias. Selecionei cinco aqui que vão deixar suas marcas.
"Alguém em Algum Lugar" (2022-24)
"Somebody Somewhere". Max. Três temporadas, 21 episódios
Tudo isso foi apenas uma desculpa para eu poder escrever sobre como "Alguém em Algum Lugar", cujo último episódio foi ao ar no domingo passado, é lindo de morrer e merece ser assistido por todo mundo? Talvez...
Sam (Bridget Everett) volta para sua pequena cidade de Manhattan (no Kansas) para cuidar da irmã, que acaba morrendo de câncer. Alguns meses depois, quando a série começa de fato, Sam ainda não encontrou seu lugar na comunidade, tem um emprego que detesta e uma relação difícil com a família. Encontrar Joel (Jeff Hiller), um ex-colega de escola que lhe apresenta a cena LGBTQIA+ da cidade, faz expandir a vida de Sam como o coração do Grinch, mas não cura suas inseguranças, nem sua solidão.
Uma série profundamente humana, sobre problemas da vida real, sem fogos de artifício que não a poderosíssima voz de Everett. "AGG" por "Alguém em Algum Lugar" existir (essa você vai ter que assistir até o último episódio para entender).
"My Lady Jane". Prime Video. Uma temporada, oito episódios.
Os livros de "romantasy" —romances picantes com elementos fantásticos— têm dominado os corações (e algo mais) de centenas de milhares de leitores nos últimos anos. "Minha Lady Jane" é a adaptação de um desses livros, que ousa imaginar uma Jane Grey (Emily Bader) mais espevitada e que sobrevive além dos nove dias em que foi a rainha da Inglaterra. (Na nossa realidade, Jane, protestante, herdou o trono de seu primo, Eduardo 6º. Mas foi aprisionada e condenada à morte pela prima Maria 1ª, católica).
O que a série não entrega de cara em nenhum trailer, mas deveria, é que nesta realidade alternativa há pessoas com a habilidade de se transformarem em animais —os ethianos—, inclusive certos mocinhos que cruzam o caminho da nossa protagonista...
"Nell, a Renegada" (2024)
"Renegade Nell". Disney+. Uma temporada, oito episódios.
Consideravelmente menos picante que "Minha Lady Jane", apesar de também ser uma fantasia histórica ambientada na Inglaterra, "Nell, a Renegada" veio e foi sem alarde. Uma pena, sinceramente: eu fui surpreendida pelo quanto me diverti com ela.
Meio "e se a Buffy, a caça-vampiros, vivesse no século 18", acompanha as aventuras de Nell Jackson (Louisa Harland, a melhor das "Derry Girls"), que volta para casa após anos distante. Ah, e uma pequena fada chamada Billy Blind (Nick Mohammed, de "Ted Lasso") aparece nas horas em que Nell se vê ameaçada e lhe dá superpoderes de pancadaria.
Criada por Sally Wainwright, produtora renomada da TV inglesa (como "Happy Valley" e "Gentleman Jack"), "Nell" peca por uma certa indecisão —é sombria demais para ser totalmente para crianças, mas não é brutal, violenta ou sexy o bastante para ser totalmente para adultos—, mas não deixa de ser envolvente, com um elenco sólido (Adrien Lester, por exemplo, dá a seu vilão o calibre do West End) e uma boa história.
"The Acolyte" (2024)
Disney+. Uma temporada, oito episódios.
Das muitas (e muitas) séries que a Disney tem ordenhado do universo expandido de Star Wars, "The Acolyte" parecia ser uma das mais bem-sucedidas, ao menos aos olhos da crítica (certamente mais do que "Obi-Wan Kenobi"), mas parece ter sucumbido aos gritos estridentes de parte do público, que considerou a série "woke", por seu foco em personagens femininas e por seu elenco não branco, não hétero e não binário.
Sob a batuta de Leslye Headland ("Russian Doll"), "The Acolyte" conta a história de Sol (Lee Jung-jae) um mestre jedi que investiga uma série de crimes. Em sua busca por respostas, ele se depara com uma ex-padawan, Osha (Amandla Stenberg), e forças sinistras.
"Jovem Sheldon" (2017-24)
"Young Sheldon". Max e Netflix. Sete temporadas, 141 episódios.
Na sequência do sucesso estrondoso (ha-ha) de "The Big Bang Theory", logicamente apostou-se numa expansão de seu universo (dois strikes), com um "prequel" sobre a infância de Sheldon Cooper (Iain Armitage), narrado pelo ator original, Jim Parsons. O resultado foi menos arrasa-quarteirão que a série-matriz, mas é uma sitcom sólida que tem seus defensores contumazes. Depois de sete temporadas, quando o jovem Sheldon já não era mais tão jovem assim (Armitage está com 16 anos), a série foi cancelada, mas deu origem a um novo spin-off sobre seu irmão, "George e Mandy - Seu primeiro casamento" (Max).
O QUE ESTÁ CHEGANDO
As novidades nas principais plataformas de streaming
"Não Diga Nada"
"Say Nothing". Disney+, nove episódios.
Adaptação do livro de Patrick Radden Keefe sobre o conflito na Irlanda do Norte e o papel de membros do IRA no desaparecimento e morte de Jean McConville, uma viúva católica mãe de dez filhos, em Belfast.
"Quem vê casa..."
"No Good Deed". Netflix, oito episódios.
Lydia (Lisa Kudrow) e Paul (Ray Romano) colocam sua casa num bom bairro de Los Angeles à venda, dando início a uma corrida desesperada dos interessados em comprá-la. Contudo, o imóvel esconde segredos e problemas que o casal fará o seu melhor para manter ocultos. Criada por Liz Feldman ("Disque Amiga para Matar"), com um bom elenco auxiliar: Linda Cardellini, O-T Fagbenle, Abbi Jacobson, Poppy Liu, Teyonah Parris, e Luke Wilson.
"La Palma"
Netflix, quatro episódios.
Perto do Natal, quando as Ilhas Canárias recebem um influxo de turistas noruegueses em busca de sol e mar, uma cientista descobre um perigo cada vez mais próximo: um vulcão no local está prestes a explodir, com consequências enormes para todo o litoral atlântico europeu.
"Quando os Deuses Amam" (1947)
"Down to Earth". À la Carte, 101 min.
De olho em um novo musical da Broadway que retrata as musas do Olimpo como desvairadas e loucas por homens, Terpíscore (Rita Hayworth), deusa da dança, desce à Terra e tenta mudar o enredo da produção.
"Bagagem de Risco"
"Carry-On". Estreia na Netflix nesta sexta (13), 119 min.
Taron Egerton (que deveria ser uma estrela maior do que é) e Jason Bateman (que deveria ser uma estrela menor do que é) se enfrentam numa batalha de mentes num aeroporto lotado na véspera de Natal.
"Dexter: Pecado Original"
"Dexter: Original Sin". Paramount+, dez episódios.
"Prequel" da série do serial killer mais regrado do continente, sobre o início de sua carreira matadora, em 1991. Michael C. Hall, que interpretou Dexter na série original e em sua sequência esquecida, retorna apenas na narração, e Patrick Gibson assume o papel do protagonista.
"Dahomey"
Mubi, 68 min.
Vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim, o documentário de Mati Diop ("Atlantique") acompanha as reações de beninenses à repatriação de 26 artefatos do reino de Daomé que estavam em um museu da França.
VEJA ANTES QUE SEJA TARDE
Uma dica de filme ou série que sairá em breve das plataformas de streaming
"Lovesick" (2014-18)
Na Netflix até 31.dez. Três temporadas, 22 episódios.
Após descobrir que tem uma infecção sexualmente transmissível, Dylan (Johnny Flynn) precisa buscar todas as mulheres com quem dormiu para avisá-las da situação. Revisitar o passado, porém, traz à tona velhos sentimentos.