China está 5 anos atrasada no desenvolvimento de chips avançados, diz estudo

Embora tenha conseguido reduzir seu “gap” tecnológico, a China avançou apenas em alguns nichos e ainda está pelo menos cinco anos atrás dos líderes globais na fabricação comercial de chips avançados. A conclusão está em relatório da Information Technology and Innovation Foundation (ITIF), um think tank de política científica e tecnológica com sede em Washington.

O estudo destaca que a China tem buscado alcançar a autossuficiência em todas as áreas da indústria de semicondutores, tentando ao mesmo tempo reduzir sua dependência de concorrentes estrangeiros e construir empresas competitivas.

Mas a “recuperação” chinesa nos subsetores de semicondutores é desigual: no design de chips lógicos, por exemplo, usados em dispositivos móveis ou aplicativos de inteligência artificial (IA), as empresas chinesas permanecem atrás dos líderes globais em pelo menos dois anos.

Os semicondutores modernos contêm bilhões de transistores em um chip do tamanho de um centímetro quadrado, com circuitos medidos em nanoescala (“nm”, uma unidade de comprimento igual a um milionésimo de metro).

As mais novas instalações de fabricação de semicondutores, que podem custar mais de US$ 30 bilhões em investimentos, produzem chips em escalas de 3 ou 2 nanômetros (ou até abaixo de 2 nm).

O estudo destaca que a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), a maior fundição da China continental, está bem atrás nesses itens em relação a alguns dos principais players do mercado, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC).

A TSMC, maior fabricante de chips do mundo, lançou em 2022 seu processo de 3 nanômetros (nm), usado na fabricação de alguns dos chips mais sofisticados do mundo. Enquanto isso, a SMIC, que supostamente estava testando seu processo de 5 nm de próxima geração, começou no ano passado a produzir chips de 7 nm para a série de smartphones Mate 60 da Huawei Technologies.

Isso, no entanto, desafia as sanções dos EUA destinadas a limitar as empresas chinesas a itens de 14 nm.

Indústria de trilhões até 2030

O setor de semicondutores é uma indústria global de US$ 527 bilhões que deve se tornar uma indústria de trilhões de dólares até 2030, segundo as últimas projeções. Espera-se que mais de 70 novas fábricas de semicondutores sejam construídas em todo o mundo até 2030 para atender a essa demanda crescente.

“A China está investindo centenas de bilhões de dólares para se tornar líder em semicondutores, por isso está fazendo avanços impressionantes, mas seu progresso até agora tem sido limitado a certos aspectos do desenvolvimento e produção de chips”, disse Stephen Ezell, vice-presidente de inovação global da ITIF, que escreveu o relatório.

O crescimento da indústria de semicondutores da China, particularmente em chips de geração mais antiga, foi impulsionado em grande parte por subsídios maciços, de acordo com o relatório, enquanto o presidente Xi Jinping pede a todos os níveis do governo que apoiem o impulso de autossuficiência de chips do país.

As empresas chinesas de chips se beneficiaram não apenas de subsídios estatais, mas também de redução e isenção de impostos ou tarifas para equipamentos e materiais, bem como vendas de terras a preços reduzidos, de acordo com o ITIF.

Desde 2014, os investimentos na indústria de semicondutores feitos a cada ano por todos os níveis do governo chinês são provavelmente equivalentes aos US$ 52 bilhões em subsídios destinados pelos Estados Unidos para incentivar a fabricação doméstica de semicondutores sob CHIPS and Science Act, de 2022, disse Chris Miller, autor do livro Chip War, citado no relatório.

Embora os analistas tenham dito que os subsídios do governo são vitais para apoiar as empresas chinesas deficitárias que jogam o jogo a longo prazo, o relatório alertou que a estratégia “isolada” da China para criar uma indústria de chips de “circuito fechado” pode ser altamente difícil, dada a complexidade do ecossistema.

Embora mais da metade dos pedidos globais de patentes de semicondutores apresentados em 2021 e 2022 tenham vindo de empresas chinesas, o dobro do número de pedidos de empresas americanas, as indústrias chinesas dedicaram menos de suas receitas à pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Em 2022, a intensidade de P&D na indústria de semicondutores da China foi de 7,6%, em comparação com 18,8% nos EUA, 15% na UE e 11% em Taiwan, mostrou o relatório.