A China, o Japão e a Coreia do Sul teriam concordado em articular uma resposta conjunta às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, segundo uma publicação feita na noite de segunda-feira (31) por uma conta oficial ligada à emissora estatal chinesa CCTV. A declaração veio após a realização do primeiro diálogo econômico trilateral entre os três países em cinco anos, realizado em Tóquio no último domingo (30).
A suposta aliança contra o protecionismo norte-americano, no entanto, foi prontamente relativizada por autoridades de Seul e Tóquio. Um porta-voz do Ministério do Comércio da Coreia do Sul afirmou que a ideia de uma resposta conjunta “parece ter sido um tanto exagerada”, reforçando que os termos do encontro estão descritos na declaração conjunta oficial. Já o ministro do Comércio do Japão, Yoji Muto, negou qualquer discussão formal sobre medidas contra as tarifas dos EUA, descrevendo o encontro apenas como uma “troca de opiniões”.
Apesar da divergência sobre a existência de um posicionamento coordenado contra Washington, os três países reforçaram sua intenção de ampliar a cooperação econômica regional e acelerar as negociações para um acordo de livre comércio entre China, Japão e Coreia do Sul — iniciativa que ganha nova relevância em meio à escalada protecionista promovida pelo presidente norte-americano Donald Trump, que deve anunciar novas tarifas nesta quarta-feira (2), em um evento intitulado “Dia da Libertação”.
Segundo a publicação da CCTV no Weibo, os países demonstraram interesse mútuo em fortalecer suas cadeias de suprimento — especialmente no setor de semicondutores. Japão e Coreia do Sul estariam buscando importar matérias-primas da China, enquanto Pequim avalia a compra de chips produzidos por seus vizinhos. Além disso, os três lados teriam concordado em manter diálogos sobre controles de exportação e resiliência da cadeia produtiva.
O encontro também contou com uma reunião paralela entre os ministros das Relações Exteriores dos três países. O diálogo gerou 20 pontos de consenso, incluindo pautas como desenvolvimento verde, comércio digital e preparação para uma cúpula trilateral até o fim do ano.
A movimentação trilateral ocorre num contexto de crescente instabilidade no comércio internacional. Embora os três países sejam parceiros comerciais importantes dos EUA, também enfrentam desafios entre si — como disputas territoriais e preocupações ambientais com a liberação de águas tratadas da usina de Fukushima, tema que já motivou compromissos de transparência entre Pequim e Tóquio.
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Com comércio bilateral robusto — em 2024, as trocas entre China e Japão chegaram a US$ 293 bilhões — e laços produtivos cada vez mais integrados, China, Japão e Coreia do Sul têm sinalizado que pretendem aprofundar sua interdependência para resistir aos choques externos e fortalecer sua posição no cenário global.
(com Reuters e South China Morning Post)