A China incluiu dezenas de empresas dos Estados Unidos, como Boeing, Raytheon e Lockheed Martin, em uma série de medidas comerciais punitivas que podem aumentar as tensões entre as duas nações.
Faltando 17 dias para a posse do presidente eleito Donald Trump, que prometeu impor novas tarifas e sanções à China, Pequim está mais uma vez mostrando que está pronta para retaliar.
O Ministério do Comércio da China afirmou na quinta-feira (2) que adicionou 28 empresas a uma lista de controle de exportação para "salvaguardar a segurança e os interesses nacionais". Também proibiu a exportação de itens de uso duplo, que têm aplicações civis e militares, para essas empresas.
Além disso colocou 10 empresas em uma lista de "entidades não confiáveis" relacionada à venda de armas para Taiwan, impedindo-as de fazer negócios na China e proibindo seus executivos de entrar ou viver no país.
As autoridades chinesas já tomaram ações semelhantes —embora mais restritas— no passado contra essas empresas, a maioria das quais tem uma presença limitada na China, disse Andrew Gilholm, especialista em China da empresa de consultoria Control Risks.
"A maior parte disso provavelmente é simbólica, porque muitas dessas entidades já estavam sujeitas a sanções", comentou. "O que estamos vendo é a ampliação do escopo e do número de entidades sendo adicionadas em uma única lista", completou Gilholm.
Entre as empresas destacadas pela China estão os principais fabricantes americanos de sistemas de defesa, como a Raytheon e Lockheed Martin, que trabalham com mísseis, e a companhia aérea Boeing. As empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentário enviados por email.
Michael Hart, presidente da Câmara de Comércio Americana na China, afirmou que as autoridades chinesas têm sido cuidadosas para não tomar ações que afetem diretamente os negócios das empresas no local.
"Normalmente, as ações que a China toma não impactam empresas que estão beneficiando a economia chinesa", disse Hart.
O governo chinês adotou uma postura mais agressiva enquanto se prepara para um segundo mandato presidencial com Trump, um crítico declarado da China e de seu poderio econômico.
Os reguladores chineses anunciaram uma investigação sobre a empresa americana de chips de computador Nvidia, proibiram a exportação de minerais raros para os Estados Unidos e tomaram medidas mais direcionadas contra empresas para expor suas vulnerabilidades na cadeia de suprimentos.
As medidas fazem parte de uma retaliação econômica que se intensificou nos últimos meses. Começou durante o primeiro mandato de Trump, após ele mirar na China com tarifas e restrições comerciais. Naquela época, Pequim tomou respostas principalmente simbólicas e medidas em retaliação.
Folha Mercado
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Desde então, o governo Biden também expandiu suas restrições a empresas chinesas e impôs proibições a produtos de uso duplo, recentemente mirando 140 empresas chinesas. Na quinta-feira, o governo disse que estava considerando uma nova regra que poderia restringir ou proibir drones chineses nos Estados Unidos.
Nos últimos anos, a China estabeleceu a postura de espelhar as táticas de Washington, criando listas com empresas que podem sofrer sanções que podem cortar recursos críticos dos EUA.
"O ritmo das coisas está acelerando", disse GIlholm. "O ritmo dessas ações será mais frequente."