Apesar da recente correção dos mercados acionários, o Itaú Unibanco vê poucas chances de uma contração na economia dos Estados Unidos e continua com a expectativa de crescimento de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto) americano deste ano.
"Continuamos achando que a chance de uma recessão é relativamente baixa", disse Milton Maluhy Filho nesta quarta-feira (7) ao comentar o resultado do banco no segundo trimestre deste ano, com um lucro R$ 10,1 bilhões.
Segundo o executivo, é necessário colocar a queda de 12,4% da Bolsa de Tóquio na última segunda (5), que foi impulsionada por receios de recessão na economia americana, em perspectiva.
Apesar das correções nos índices acionários globais dessa semana, os principais deles, Nasdaq e S&P 500, continuam com ganhos nos últimos 12 meses.
"Naturalmente, no Japão houve um evento muito específico, uma política mais contracionista do Banco Central do Japão gera efeitos em uma economia que há muitos e muitos anos trabalha com nível de juros muito baixo. Então qualquer mudança gera alguma instabilidade, marcação a mercado nos balanços. Isso faz parte, mas nada que impacte", disse Maluhy.
Para o presidente do Itaú, a maior preocupação é a volatilidade do câmbio, mas ele espera que o dólar perca força com o início do ciclo de corte de juros dos EUA.
"Nossa expectativa é que os cortes devem começar agora em setembro. É possível até três cortes de 0,25 ponto percentual cada um até o final do ano. Isso significa um dólar um pouco mais fraco", afirmou o CEO.
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Maluhy disse ainda que a desvalorização do real ante o dólar também reflete a preocupação de investidores com a saúde fiscal do Brasil.
"Essa é uma agenda que vai estar presente o tempo todo e sempre traz algum prêmio de risco, seja para a curva de juros, seja para o câmbio. Todos têm isso muito claro. O governo vem fazendo um esforço importante para buscar o máximo de bloqueios e contenções para que a gente consiga entregar o arcabouço fiscal."
O governo Lula anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas este ano para cumprir as metas do arcabouço.
"Trabalhar para 2024 é importante, mas para 2025 é tão importante quanto", completou Maluhy.
Além do fiscal, Maluhy também citou uma leve piora nas contas externas como um dos fatores por trás da alta do dólar, com a importação crescendo um pouco mais do que exportação.
Apesar da pressão do câmbio na inflação, o banco ainda espera uma estabilidade nos juros este ano, com a Selic a 10,5% ao fim de 2024.
"O câmbio no patamar mais alto, ele não é necessariamente um problema. O problema é o câmbio mais alto por um prazo mais longo. Então é a persistência do nível do câmbio que acaba gerando um efeito inflacionário. E o Banco Central certamente está vigilante a isso", disse o executivo.
Com excesso de capital, o Itaú deve voltar a distribuir dividendos extraordinários, como fez esse ano com o resultado de 2023.
"Com as informações que eu tenho hoje, certamente haverá um dividendo extraordinário", disse Maluhy.
A dúvida é sobre o montante. Segundo o executivo, a magnitude depende do impacto de mudanças regulatórias que devem impactar o caixa do banco.
Entre elas, estão a implementação de Basileia 3, que implica o aumento de estrutura de capital, e do FRTB (Fundamental Review do Trading Book), que pode mudar o cálculo de requisito mínimo de capital para cobrir o risco de mercado das operações dos bancos.
"A expectativa é poder divulgar o que a gente está imaginando de dividendo extraordinário que será pago no resultado do quarto trimestre", completou o CEO.
RAIO-X | ITAÚ UNIBANCO
Fundação: 2008, ano de fusão do Banco Itaú e do Unibanco
Lucro líquido no 2º trimestre de 2024: R$ 10 bilhões
Clientes: 70 milhões
Agências e pontos de atendimento: 3.342
Funcionários: 96.169
Principais concorrentes: Bradesco, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Nubank