CEOs das big techs investiram milhões em Trump, mas ainda não viram retorno

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As maiores empresas de tecnologia e seus CEOs doaram milhões para a posse do presidente Donald Trump, organizaram festas e jantares de gala em sua homenagem e permitiram que ele anunciasse e levasse o crédito por projetos de bilhões de dólares.

No entanto, com menos de três meses no segundo mandato, Trump mal retribuiu os gestos extravagantes.

As tarifas globais que ele impôs na última quarta-feira (2) devem pressionar a cadeia de suprimentos dos iPhones da Apple e tornar muito mais caro para a Amazon, Meta, Google e Microsoft construírem supercomputadores para impulsionar a IA (inteligência artificial).

O presidente cortou o financiamento federal para pesquisas em tecnologias emergentes, como IA e computação quântica. Com a repressão de Trump contra a imigração, um dos principais canais de novos talentos tecnológicos, os temores também aumentam.

O governo Trump também sinalizou que continuará com uma postura regulatória agressiva para conter o poder das maiores empresas de tecnologia, começando na próxima semana com um julgamento histórico para desmembrar a Meta, proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp.

Desde a posse de Trump, o valor de mercado de Amazon, Apple, Google, Meta e Microsoft juntos caiu 22% para US$ 10 trilhões (R$ 59,9 trilhões). E o índice Nasdaq, de tecnologia, caiu 21%.

Os esforços para bajular Trump estão muito distantes da abordagem que os líderes das big techs adotaram durante seu primeiro mandato, quando foram abertamente hostis ao presidente.

Os executivos esperavam que desta vez, com bajulação, Trump pudesse ser mais solícito com as big techs. Uma das atitudes esperadas era que o presidente pudesse inclui-las no grupo de setores que ele pretende desregulamentar, como energia e automóveis.

Em vez disso, o cortejo dos principais líderes do Vale do Silício pode indicar uma leitura equivocada de como ter sucesso na Washington de Trump, de acordo com especialistas em políticas democratas e republicanas.

O relacionamento que os executivos de tecnologia têm com o presidente tem sido uma "via de mão única", disse Gigi Sohn, ex-conselheira sênior da Comissão Federal de Comunicações do governo Biden. "Eles dão tudo a ele, e ele não promete nada, o que neste caso é uma coisa boa."

Isso não os impediu de tentar. Na semana passada, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, esteve na Casa Branca para tentar persuadir a administração a resolver o processo da Comissão Federal de Comércio para desmembrar a Meta. Líderes de tecnologia, incluindo Sundar Pichai, CEO do Google, também visitaram a Casa Branca nas últimas semanas.

As empresas disseram que querem se envolver com Trump em uma variedade de questões e que estão analisando os efeitos de longo prazo de suas políticas. Apple, Google, Meta e Amazon se recusaram a comentar.

A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário.

As hostilidades entre a indústria de tecnologia e Trump remontam a 2016, quando vários executivos de tecnologia apoiaram Hillary Clinton para presidente e fizeram doações para sua campanha.

Após a eleição de Trump, líderes de tecnologia criticaram a proibição de imigração do presidente a muçulmanos e seu ceticismo em relação às vacinas contra a Covid.

No primeiro mandato, Trump adotou uma postura regulatória rígida em relação à indústria, movendo processos antitruste contra Google e Meta. Ele criticou as redes sociais e outros gigantes da internet por censurá-lo e acumular muito poder. Ele também culpou as plataformas por contribuírem para sua derrota eleitoral em 2020.

O tom público da indústria de tecnologia em relação a Trump mudou abruptamente no ano passado, depois que o republicano foi ferido em uma tentativa de assassinato.

Após o incidente, Zuckerberg o chamou de "durão". Jeff Bezos, fundador da Amazon, elogiou Trump por ter permanecido calmo diante da situação. Elon Musk, que lidera a empresa de foguetes SpaceX, a fabricante de carros elétricos Tesla e a plataforma social X, apoiou Trump e passou a fazer campanha e doar US$ 300 milhões (R$ 1,7 bilhão) para sua candidatura.

Após a eleição, o CEO da Apple, Tim Cook, junto com Meta, Google e Amazon, doaram US$ 1 milhão (R$ 5,99 milhões) cada para a posse. Vários dos executivos fizeram viagens a Mar-a-Lago, o resort de Trump em Palm Beach, Flórida. E na posse, Musk, Bezos, Zuckerberg, Cook e Pichai apareceram no palco ao lado de membros do gabinete.

"Se você olhar para a posse, veja as pessoas que estavam naquele palco. Todos estavam totalmente contra mim da primeira vez", disse Trump recentemente em uma entrevista com Clay Travis do OutKick, um site de esportes e notícias da Fox.

Houve alguns benefícios. Musk agora é um conselheiro próximo do presidente, e críticos dizem que seus negócios devem colher recompensas. Trump também assinou ordens executivas adiando uma venda ou proibição do TikTok, conforme exigido por uma lei aprovada no ano passado devido a preocupações de segurança sobre a empresa-mãe do aplicativo, a chinesa ByteDance.

Folha Mercado

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Apesar de cortar seu financiamento federal, Trump abriu a porta para uma abordagem regulatória leve contínua sobre IA, que ele declarou sua principal prioridade para vencer a China em uma corrida pela liderança tecnológica global. No mês passado, Google, Microsoft, Meta e outras big techs apresentaram sugestões, pedindo que o governo não interfira.

E os reguladores dos EUA quase desmantelaram completamente uma repressão governamental de anos à indústria de criptomoedas, um setor volátil repleto de fraudes, golpes e roubos. Isso beneficia empresas como a firma de capital de risco Andreessen Horowitz, um grande investidor no setor.

Mas as empresas de tecnologia ainda enfrentam pressões crescentes com a atual administração Trump.

Os novos líderes nomeados para o Departamento de Justiça e a FTC não mostraram sinais de recuar em uma série de processos antitruste movidos contra Google, Meta, Amazon e Apple.

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