Carlos Tavares comenta saída pacífica da Stellantis e defende legado

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Fora do comando da Stellantis há pelo menos duas semanas, o português Carlos Tavares falou pela primeira vez sobre sua renúncia em entrevista concedida ao semanário Expresso. Na ocasião, o ex-CEO desmentiu rumores sobre demissão e afirmou que saiu do grupo por vontade própria de forma “pacífica, ponderada e consensual”. Além disso, defendeu seu legado e disse que não voltará a atuar no setor automotivo - pelo menos no curto prazo.

Segundo Tavares, sua demissão foi apresentada na sequência de uma tentativa de consenso que falhou no seio do conselho de administração. Dessa forma, deixou de haver uniformidade de pontos de vista e a decisão foi a conclusão natural “para não criar risco de desalinhamento na governação da empresa”. "Tomamos a decisão juntos, John Elkann e eu, com quem tenho uma relação extremamente pacífica. Ele é quase um amigo", disse, referindo-se ao herdeiro da Fiat e hoje chefão provisório do grupo.

John Elkann e Carlos Tavares

Carlos Tavares e John Elkann

"Neste período decididamente darwiniano que a indústria automobilística atravessa, criou-se alguma ansiedade em torno de uma estratégia agressiva que fosse vista mais como uma oportunidade do que como um risco. Além disso, tomei posições muito claras em matéria de proteção ambiental. Talvez este conjunto de fatores tenha gerado divergências e uma empresa que tem 250 mil colaboradores, um volume de negócios de 190 bilhões de euros, 15 marcas que vendem para todo o mundo, não pode ser gerida com uma falta de consenso que afecta imediatamente a gestão estratégica”, explicou. Carlos Tavares na inauguração dos novos escritórios da Pro One em Mirafiori

Foto de: Stellantis

Tavares também foi questionado sobre os altos salários que recebeu ao longo dos últimos anos e que sempre foram alvo de diversas polêmicas. “Se a empresa quer contratar um determinado gestor e ele só está disponível por um determinado valor, é simplesmente uma transação que ninguém é obrigado a aceitar. Muita gente não gosta disso, mas eu gosto", finalizou. Em 2023, por exemplo, o executivo embolsou da Stellantis nada menos que US$ 39 milhões (cerca de R$ 235 milhões ao câmbio atual).

Sobre sua vida pós-Stellantis, o executivo disse que certamente não será em outro grupo automotivo - pelo menos não imediatamente. Agora, Tavares direcionará atenção para outros mercados e migrará para o setor aéreo mediante participação direta na privatização da TAP (empresa portuguesa da aviação).

Carlos Tavares - CEO da Stellantis

Paixão por carros desde a infância

Nascido em 14 de agosto de 1958, Carlos Tavares se apaixonou pelo mundo automotivo ao 14 anos de idade durante visita ao circuito de Estoril, perto de Lisboa, sua cidade natal. Depois de estudar no Lycée Français Charles-Lepierre, em Lisboa, mudou-se para a França aos 17 anos para frequentar o Lycée Pierre-de-Fermat, em Toulouse. Em 1981, formou-se em engenharia mecânica pela École Centrale Paris.

A carreira de Tavares começou na Renault em 1981, onde ocupou vários cargos, incluindo o de vice-presidente de estratégia e desenvolvimento. Em seguida, trabalhou na Nissan, cuidando dos mercados das Américas do Norte e do Sul. De 2011 a 2014, foi Diretor de Operações da Renault. Em 2014, se mudou para o Grupo PSA como CEO, liderando a fusão com a Fiat Chrysler Automobiles que levou à criação da Stellantis em 2021. Sob sua liderança, a Stellantis se tornou a quarta maior fabricante de automóveis do mundo.

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, e o Alfa Romeo Junior Veloce

Foto de: Alfa Romeo

Além da carreira profissional, Tavares é conhecido por sua paixão por automobilismo e carros clássicos. Regularmente participa de ralis históricos e corridas de resistência, muitas vezes como piloto. Também é apaixonado por agricultura e possui uma fazenda orientada para o cultivo de produtos orgânicos. Além disso, é poliglota com fluência em português, francês, inglês e espanhol.

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