Câncer de mama é o que mais mata mulheres, diferentemente do que diz médica investigada

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O Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização e alerta sobre a importância de se prevenir contra o câncer de mama, foi tema de posts desinformativos nas redes sociais. Em vídeos que viralizaram no Instagram, a médica Almeida, do Pará, afirmou que a doença não existe e que tumores devem ser tratados com hormônios.

"Câncer de mama não existe. Então esqueçam o Outubro Rosa, esqueçam a mamografia. Mamografia vai causar inflamação nas mamas", desinforma Lana, que, como a Folha mostrou, está sendo investigada pelo Conselho Regional de Medicina do Pará . A Justiça já ordenou que ela retirasse os vídeos do ar.

Também na rede social, o médico Lucas Ferreira Mattos mente ao dizer que a mamografia causa câncer de mama e ao relacionar o surgimento de nódulos benignos com a deficiência de iodo. Ele também está sendo investigado pelas afirmações.

Especialistas em câncer de mama ouvidos pela reportagem afirmam que as declarações dos dois médicos são um desserviço à população. Como diz o mastologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, Fabrício Brenelli, o câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo, sem considerar os tumores de pele não melanoma.

"Todos gostaríamos que o câncer de mama não existisse, mas ele é responsável pela maior causa de mortalidade em mulheres. É um absurdo fazer uma afirmação como essa, vai contra qualquer evidência científica e médica", afirma.

Sobre a relação do surgimento de tumores benignos com deficiência de iodo, Brenelli diz também ser mentira. "Os nódulos benignos têm diferentes causas, como a proliferação do tecido mamário, e não têm correlação com iodo."

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que sejam registrados mais de 70 mil casos de tumores mamários por ano no Brasil. Deste total, 99% acometem mulheres, enquanto 1% é registrado em homens. A entidade classificou os conteúdos verificados como fake news e alertou que o câncer de mama é uma doença real e comprovada cientificamente.

"A desinformação sobre a inexistência do câncer de mama não tem respaldo científico e prejudica a saúde pública, colocando vidas em risco ao desencorajar exames preventivos e tratamentos essenciais", afirma nota do Inca.

Também é falso dizer que a mamografia causa câncer por causa da radiação. Segundo a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), as mulheres acima dos 40 anos devem fazer o exame anualmente. "Uma mamografia bem-feita, no período certo, consegue detectar tumores nos estágios iniciais, o que melhora a sobrevida da paciente e a chance de cura", diz o mastologista e presidente da entidade, Tufi Hassan.

A promessa de tratamento de tumores mamários com a reposição de hormônios também é incorreta e, de acordo com o mastologista, arriscada para a saúde. Hassan lembra que há tipos de câncer que são hormonais e, por isso, a reposição iria favorecer o crescimento dos tumores: "Seria como jogar adubo em um terreno fértil. Nós usamos drogas anti-hormonais, reposição de hormônios só pioraria a situação".

O mastologista afirma ainda que a SBM está atuando contra essas mentiras em redes sociais. "Conclamamos aos órgãos responsáveis que tomem atitudes contra estas pessoas desonestas que repassam informações mentirosas sobre este problema tão importante na saúde brasileira que é o câncer de mama", diz nota da entidade.

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