Há sinais claros de que subestimamos o custo da transição. Também ficou claro que o clima é nosso mandato. Olhem para as questões de preço e estabilidade financeira no Brasil. (...) Temos os setores de seguros, as questões de produtividade. A transição verde está se mostrando muito mais custosa.
Roberto Campos Neto, presidente do BC, em discurso para banqueiros na Suíça
Política fiscal e macroprudencial
Presidente do BC sugeriu cobrar mais para financiamentos de bancos que não tem investimentos verdes. Ele não deu detalhes de como seria esse aumento de custos e reconheceu se tratar de uma medida polêmica, mas disse que quanto mais se debruça sobre o tema mais pensa nessas possibilidades.
Campos Neto explicou como políticas monetária e macroprudencial se interconectam. Ao fazer isso, ele ponderou se não seria o caso de pensar também em medidas macroprudenciais, usadas para garantir estabilidade financeira, para lidar com os desafios da transição verde.
Costumávamos trabalhar no Banco Central com o princípio da separação, que diz que, para a política monetária, usamos a taxa de juros, e, para a estabilidade financeira, usamos a política macroprudencial. Os efeitos são um sistema flutuante. Quando temos uma crise, essas coisas tendem a se cruzar em algum momento.
Se a questão verde está realmente nos levando ao mesmo lugar, em algum momento, não deveríamos estar usando um pouco de [política] macroprudencial para regular isso? (...) Se for este o caso, não deveriamos cobrar preço maior de capital de bancos que não tem investimento verde?
Roberto Campos Neto