Objetos que acompanhavam na vida e após a morte
No caso de uma morte precoce, as crianças recebiam o mesmo destino dos adultos. Elas eram lavadas, vestidas e colocadas no chão. Disto temos testemunhos tão antigos como o da Sima de los Huesos (Atapuerca, Burgos), há 350.000 anos, onde jaziam uma criança de cinco anos e outras nove entre onze e quinze anos. É considerado um enterro intencional devido ao tipo de posicionamento do corpo. Além disso, eram acompanhados de Excalibur, uma biface de sílex avermelhada que foi interpretada como uma oferenda.
Outro exemplo é o sítio da Grotta de Arene Candide (Finale Ligure, Itália) com várias crianças, uma delas de 15 anos de idade, com um rico enxoval, uma espécie de chapéu bordado com conchas perfuradas e quatro pingentes de marfim de mamute. Ela estava deitada ao lado de quatro cajados, um chifre de alce e uma lâmina de sílex de 25 centímetros.
Outra criança com um rico enxoval é de Majoonsuo, um sítio localizado no município de Outokumpu, no leste da Finlândia. O menino tinha entre 3 e 10 anos, vestia uma parka feita de penas de aves aquáticas decorada em vermelho e acompanhada de flechas de quartzo e uma pena de falcão. Possivelmente, um cachorro ou um lobo descansava a seus pés. Tudo isto coberto de ocre, um corante natural com valor simbólico, mas também com função antisséptica.
Quando uma criança se destaca do restante do grupo devido aos pertences que a acompanham em seu túmulo, isso também nos informa que pertencia a uma linhagem importante. Por outro lado, quando o número de crianças é relevante, suscita muitas questões às quais, graças aos estudos genéticos, estamos começando a responder. Podemos descobrir se pertenciam à mesma família, ou qual foi a causa da sua morte.
Com o tempo, os sepultamentos mudaram, assim como as sociedades às quais pertenciam. Na Idade do Cobre, as crianças eram enterradas com outros indivíduos adultos. E, ao lado de objetos de pedra ou ornamentos pessoais em osso e concha, apareceram vasos de cerâmica.