Por Francesco Guarascio e Khanh Vu
HANÓI (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (28) que o Vietnã poderá comprar aviões da Embraer e se tornar um centro regional para as operações brasileiras de processamento de carne, ao se encontrar com o presidente do Vietnã, Luong Cuong, em Hanói.
Lula também reconheceu o país comunista como uma economia de mercado, convidou o Vietnã a participar de uma cúpula do Brics no Brasil neste ano e disse que trabalhará por um acordo comercial do Mercosul com Hanói durante a presidência brasileira do bloco sul-americano.
A segunda visita de Lula ao Vietnã ocorre no momento em que Hanói, sob pressão do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para reduzir seu grande superávit comercial, prometeu aumentar as importações dos EUA, incluindo produtos agrícolas como a soja, da qual o Brasil é um dos principais exportadores para o país.
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Em uma declaração à imprensa ao lado de Lula, Cuong disse que o Vietnã está “considerando seriamente” permitir a entrada de carne bovina brasileira no país.
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“A abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira atrairá investimentos de frigoríficos do Brasil para fazer deste país uma plataforma de exportação para o Sudeste Asiático”, disse Lula.
A gigante brasileira de alimentos JBS está considerando construir uma fábrica de processamento de carne no norte do Vietnã, sua primeira na Ásia, se o Vietnã abrir seu mercado para a carne bovina brasileira, informou a Reuters na semana passada citando fontes.
Lula também disse esperar que a principal companhia aérea do Vietnã, a Vietnam Airlines, “possa avaliar positivamente a oferta da Embraer” para jatos regionais, observando que o Brasil queria exportar aviões para Hanói.
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A fabricante brasileira de aviões está em negociações para a possível venda de dez jatos E190 de fuselagem estreita para a Vietnam Airlines, disse uma autoridade brasileira à Reuters na semana passada. As duas empresas não comentaram.
A Embraer e a JBS fazem parte de uma grande delegação empresarial que acompanha Lula em sua viagem ao Vietnã.
Os dois países assinaram um plano de ação de cinco anos, que, segundo as autoridades, concentra-se em defesa, agricultura, energia e tecnologia, além de outros pactos, incluindo um sobre cooperação em futebol.
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Lula convidou o Vietnã para a cúpula do Brics que o Brasil sediará em julho. O primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, participou de uma cúpula do Brics como observador pela primeira vez no ano passado, mas Hanói até agora não aceitou um convite para se tornar um parceiro formal do grupo liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Cuong não fez nenhum comentário sobre o Brics em sua declaração pública.
Lula disse que a presidência brasileira do Mercosul no segundo semestre do ano “vai trabalhar em prol de um acordo com o Vietnã que seja equilibrado e beneficie os dois lados”, o que implica que haverá conversações sobre um acordo comercial entre o Vietnã e o bloco sul-americano.
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Ele também propôs a expansão da cooperação técnica com o Vietnã nas plantações de café, em um momento em que os dois maiores produtores de café do mundo estão enfrentando desafios decorrentes das mudanças climáticas.
(Reportagem de Francesco Guarascio, Khanh Vu, Thinh Nguyen e Phuong Nguyen)