Divulgação/Fio Crus
O Ministério da Saúde informou que montou três grupos de pesquisa sobre oropouche
O Brasil concentra 90,2% dos casos de febre oropouche nas Américas, segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a Opas, braço pan-americano da organização, a região registrou 8.078 casos da doença do início de janeiro até meados de julho, sendo 7.284 apenas no Brasil. Na sequência, aparecem Bolívia (356), Peru (290), Colômbia (74) e Cuba (74). Frente ao cenário, a entidade pede aos países que notifiquem qualquer evento incomum relacionado à infecção, incluindo possíveis casos de transmissão vertical (de mãe para filho, na gestação) e mortes — o Brasil registrou dois óbitos pela doença, os primeiros no mundo.
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O documento ainda oferece orientações sobre o manejo dos casos, diagnóstico e controle de vetores. “A OMS encoraja os Estados Membros a fortalecer a vigilância e implementar diagnósticos laboratoriais para a identificação e caracterização dos casos”, diz o comunicado.
Casos em 21 Estados
Na última quinta-feira, 1, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou dois casos autóctones da infecção no município de Cajati, na região do Vale do Ribeira.
Com as novas confirmações em São Paulo e Sergipe, são agora 21 Estados com casos autóctones, segundo o Ministério da Saúde: Amazonas (3.224), Rondônia (1.709), Bahia (831), Espírito Santo (420), Acre (265), Roraima (239), Santa Catarina (165), Pernambuco (92), Minas Gerais (83), Pará (74), Rio de Janeiro (64), Ceará (39), Piauí (28), Maranhão (19), Mato Grosso (17), Amapá (7), Paraná (3), Tocantins (2), São Paulo (2), Sergipe (2) e Paraíba (1).
O Estado do Mato Grosso do Sul, que no balanço anterior aparecia com um caso autóctone confirmado, foi removido da lista. O Estadão questionou o ministério sobre a mudança e a pasta afirmou que, após investigação, foi constatado que a infecção não aconteceu em território sul-mato-grossense.
O ministério também registrou nove casos de transmissão vertical de febre oropouche, quando a infecção é passada de mãe para filho durante a gestação. São cinco casos em Pernambuco, um na Bahia e três no Acre.
Cinco casos evoluíram para óbito fetal e nos outros quatro os bebês apresentaram anomalias congênitas, como microcefalia. Órgãos estaduais de saúde estão analisando se há relação entre essas complicações e a infecção.
Nesse cenário, o ministério recomenda reforçar a vigilância durante a gestação e o acompanhamento de bebês cujas mães tiveram suspeita de arboviroses, como dengue, zika, chikungunya e febre do oropouche.
Sintomas
A febre oropouche é uma doença causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV). Ele é transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
Os sintomas da infecção são semelhantes aos da dengue: febre de início súbito, dor de cabeça, dor muscular e dor nas articulações. Outros sintomas, como tontura, dor atrás do olhos, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados.
Sobretudo em pacientes imunocomprometidos, há a possibilidade de a doença evoluir para quadros severos, em que há o comprometimento do sistema nervoso central, ocasionando meningite asséptica e meningoencefalite.
Vigilância
O Ministério da Saúde informou que montou três grupos de pesquisa sobre oropouche. A ideia é aprofundar o conhecimento sobre o transmissor da doença (Culicoides paraensis) e sobre o comportamento do vírus no organismo, além do acompanhamento de estudos científicos em andamento.
O primeiro grupo analisa informações laboratoriais, como linhagem do vírus e suas características genômicas. O segundo acompanha as manifestações da doença nos brasileiros infectados. Já o terceiro se debruça sobre o ciclo da doença nos insetos transmissores.
Participam dos estudos a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Evandro Chagas e a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, do Amazonas.
*Com informações do Estadão Conteúdo
publicado por Tamyres Sbrile