O ex-presidente Jair Bolsonaro publicou um vídeo de dezembro do ano passado, em seu perfil no X, com o intuito de criticar a Lei Rouanet, incentivo fiscal para projetos culturais criado em 1991. A publicação foi feita na manhã desta segunda-feira (6), dia seguinte à vitória de Fernanda Torres com o prêmio de melhor atriz em filme de drama, no Globo de Ouro, pelo filme "Ainda Estou Aqui".
Em sua postagem, Bolsonaro compartilha um vídeo do último dia 18 de dezembro que critica as balsas em Goiânia.
"Parece vídeo repetido, mas não é. Outro brasileiro denunciando a volta da ‘indústria das balsas’. O investimento em infraestrutura é rechaçado pela gestão Lula e, coincidentemente, jamais cobrado por outros governantes de outrora. Enquanto isso, a Rouanet…", diz ele em sua publicação.
O vídeo ainda traz a legenda, "Será que os 18 bi da Lei Rouanet daria pra fazer duas cabeceiras?".
A Lei Rouanet passou a proibir o financiamento de longas-metragens a partir de 2007, e hoje se limita a "obras cinematográficas de curta e média metragem e filmes documentais".
Por se tratar de um longa-metragem, com 2 horas e 19 minutos de duração, e de um filme de ficção —embora baseado em fatos—, "Ainda Estou Aqui" não pôde receber recursos da lei em questão.
O longa de Walter Salles contou com recursos privados das produtoras VideoFilmes, criada pelo cineasta e seu irmão João Moreira Salles, RT Features, criada por Rodrigo Teixeira, e a produtora francesa MACT Productions.
As três possuem um longo currículo de filmes nacionais e internacionais que participaram de diferentes festivais e premiações de prestígio e foram bem recebidos pela crítica, caso de "Call Me By Your Name", de Luca Guadagnino, "O Farol", de Robert Eggers, e "Central do Brasil", também dirigido por Walter.
A adaptação homônima do livro de Marcelo Rubens Paiva ainda contou com o apoio das coprodutoras Globoplay e Conspiração, e recebeu recursos privados levantados pelas empresas. A distribuição é feita pela Sony Pictures.
Em resposta à Folha, a assessoria de imprensa do filme afirmou que não houve participação de financiamento público no desenvolvimento do longa.