O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central subiu o tom nesta terça-feira (6) ao enfatizar os impactos que as desconfianças do mercado sobre as contas públicas trazem sobre os preços dos ativos e as expectativas da inflação, além de reforçar o cenário externo adverso e incerto.
Em ata da última reunião de juros da autarquia, o comitê disse que pode subir os juros se achar que é necessário. O documento destaca que a escalada no tom é uma decisão de todos os membros do comitê, incluindo os diretores indicados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"O comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado", diz.
Na última quarta-feira (31), os membros do comitê decidiram unanimemente manter a taxa básica de juros, a Selic, no patamar de 10,5% ao ano pela segunda vez consecutiva.
A ata da reunião publicada nesta terça deu uma ênfase maior na questão fiscal em relação ao documento publicado em junho.
"O comitê monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros", diz o texto.
"Ademais, notou-se que a percepção mais recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, junto com outros fatores, vem tendo impactos relevantes sobre os preços de ativos e as expectativas", completa.
A inflação oficial do Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), é importante para as decisões de juros do país. O centro da meta perseguida pelo Banco Central é de 3% no acumulado de 2024.
Folha Mercado
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A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos (1,5%) ou para mais (4,5%). Assim, a meta será cumprida se o IPCA ficar dentro do intervalo de 1,5% a 4,5% nos 12 meses até dezembro.
Atualmente, a inflação brasileira acumula elevação de 4,23% em 12 meses.
O mercado projeta que o IPCA encerre 2024 a 4,12%, segundo a mais recente edição do Boletim Focus divulgada pelo BC na segunda-feira (5), e que elevou novamente a expectativa de aceleração da inflação neste ano. O documento reúne as projeções de economistas para os principais indicadores econômicos do país.
Em relação à Selic, também, o documento mostrou que o mercado elevou a expectativa de juros ao final do próximo ano, de 9,5% para 9,75%. Para este ano, o Focus manteve a projeção, pela sétima vez consecutiva, de Selic a 10,5%.