Bancos Centrais vão reagir à inflação mais alta em tempos distintos, afirma Galípolo

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Galípolo deu a declaração durante evento em Teresina, onde participou da comemoração dos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí

Wilton Junior/Estadão

Galípolo

Galípolo ponderou que, após a pandemia, a invasão da Ucrânia colaborou para a desarticulação de cadeias produtivas e choques de oferta que encareceram os preços

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (26), que os bancos centrais vão reagir à inflação mais alta em tempos distintos, e que Brasil e Chile iniciaram o movimento de alta. Ele participou de evento em comemoração aos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PU), em Teresina. “O Brasil e o Chile foram os países que primeiro reagiram na política monetária, elevando juros para tentar combater essa inflação, enquanto muitos dos países desenvolvidos entendiam que não era necessário, porque essa era uma inflação que você poderia aguardar a normalização das cadeias produtivas, que ela poderia retornar. Com alguma defasagem, depois, de maneira mais sincronizada, todos os bancos centrais começaram a subir juros, de maneira a tentar arrefecer essa demanda, para tentar conter a inflação”, disse Galípolo.

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Ele ponderou que, após a pandemia, a invasão da Ucrânia colaborou para a desarticulação de cadeias produtivas e choques de oferta que encareceram os preços. Além disso, a rearticulação de cadeias produtivas tem impacto de custo.

“Como resposta, você começa a ter programas de protecionismo por parte de alguns países. É aquilo que a gente tem assistido de maneira bastante evidente, que é a disputa entre Estados Unidos e China, do ponto de vista comercial”, disse o diretor do BC.

Início dos cortes nos EUA

Galípolo afirmou ainda que o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos se aproxima e que a discussão agora é sobre a magnitude. Ele citou as falas recentes do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que deu declarações arrojadas sobre o processo de desinflação sem muito custo para a economia dos EUA.

“A gente está se aproximando de um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, com bastante discussão sobre qual é a magnitude desses cortes”, afirmou Galípolo.

O diretor contextualizou que havia expectativa de o Fed iniciar o ciclo de corte de juros em março, mas os dados da economia norte-americana mais resiliente foram postergando esse ciclo. O cenário mudou de uma previsão de seis cortes para um número entre zero e um.

“Isso acaba reprecificando a taxa de juros norte-americana ao longo do ano, e os ativos do mundo todo se alinham a isso. Esse diferencial de juros, o que significa a taxa juros norte-americana para todos os ativos da economia global, inclusive, ou em especial para países emergentes, muda muito a partir dessa reprecificação”, disse o diretor.

Ele explicou que a expectativa de desaceleração da economia dos Estados Unidos oscilou muito entre “hardsoft e no-landing“. “Isso oscilou muito recentemente, a ponto de você ter, numa única semana, a expectativa dessas três alternativas. E com uma curiosidade para países emergentes, que é se você imaginar um não pouso, significa que as taxas de juros americanas permanecem mais altas por mais tempo, o que tende a ser mais adverso para países emergentes”, pontuou.

A análise é de que houve uma consolidação da expectativa pelo pouso suave nos preços do mercado, mas há outros aspectos pesando. Ele citou, por exemplo, as tensões geopolíticas do fim de semana que se refletiram nos preços do petróleo.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Publicado por Tamyres Sbrile

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