Atleta paralímpico fala de rotina em aérea: 'Deficiência não me define'

há 4 meses 11

UOL: Em que momento você entrou de vez no mundo dos esportes?
Davi Berto: Por volta dos 12 anos eu conheci um local onde se praticava o basquete paralímpico, na cadeira de rodas mesmo. Naquela época, eu praticava apenas de maneira recreativa. Quando a gente se reunia e fazia o treino, eu achava muito legal. Foi a primeira vez que eu me senti incluído. Você não vê tantos deficientes juntos geralmente. Você é um ou dois. Mas, no esporte, você se vê incluído, e foi naquele espaço que eu me senti acolhido.

UOL: Qual foi o impacto disso em você?
Davi Berto: Foi muito positivo. Você termina vendo que a limitação e a deficiência são apenas detalhes na vida da pessoa. Se havia uma limitação em alguma coisa que eu precisava fazer, acabava me adaptando, fazendo de outra forma. No dia a dia, termina passando batido. Chega uma hora que você não percebe mais que tem uma limitação.

UOL: Quando você entrou para o esporte de alto rendimento, no caso, o halterofilismo?
Davi Berto:
Por volta dos 14 anos eu comecei a treinar para melhorar o condicionamento e por uma questão de estética mesmo. Nos anos seguintes, conversando com um amigo, ele falou do halterofilismo. Ele perguntou se eu queria tentar e que haveria uma competição no Rio de Janeiro pouco tempo depois. Fui com a cara e com a coragem, e fui desclassificado.

UOL: Por quê?
Davi Berto:
Eu ainda não conhecia as regras, que são um pouco diferentes. Eu também não tinha o traje oficial, e acabei pegando emprestado com outra pessoa que eu não conhecia. Fiz os três movimentos, e nenhum foi válido. Aí, quando eu voltei para São Paulo, voltei com o 'sangue no olhar'. Estava determinado a conseguir e comecei a treinar com foco.

UOL: Desde então você treina constantemente?
Davi Berto:
Eu parei durante a pandemia. O último campeonato que eu tinha participado foi em João Pessoa (PB) em 2019. Voltei ano passado [2023] a treinar e já fiquei em sexto na classificação geral do Brasil. Hoje, minha marca é de 137 kg no supino, mas só os dois primeiros colocados se classificaram para as paraolimpíadas. O campeão mundial da nossa categoria é um chinês cadeirante, e ele consegue levantar 236 kg. Tem muito cara bombado em academia que não consegue isso [diz aos risos].

Davi Berto, despachante técnico de voo na Azul e atleta paraolímpico do halterofilismo
Davi Berto, despachante técnico de voo na Azul e atleta paraolímpico do halterofilismo Imagem: Alexandre Schneider/CPB
Leia o artigo completo