O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) avançou em janeiro, mostrando que a economia iniciou 2025 com mais força do que o esperado mesmo em meio a um ambiente de política monetária restritiva.
Considerado um sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto), o índice teve alta de 0,9% em janeiro sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado, informou o BC nesta segunda-feira (17).
O dado divulgado pelo BC ficou bem acima da expectativa da pesquisa da Reuters, que apontava avanço de 0,22%.
O resultado mensal mostrou forte recuperação após a retração de 0,6% registrada em dezembro, em dado revisado pelo BC de uma queda de 0,7% informada antes, e marcou o melhor resultado desde junho de 2024.
Na comparação com janeiro do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 3,6%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,8%, segundo números observados.
O PIB fechou 2024 com crescimento de 3,4%, segundo os dados do IBGE. A expectativa entre analistas agora é de perda de força da economia, conforme ela passe a sentir mais os efeitos do aperto monetário realizado pelo BC, embora uma safra agrícola positiva deva ser favorável à atividade no início deste ano.
O resultado de janeiro do IBC-Br superou as expectativas mesmo com resultados fracos da indústria, varejo e serviços no mês.
O volume de serviços teve queda de 0,2% em janeiro, enquanto as vendas no varejo restrito registraram queda de 0,1%. A produção da indústria no Brasil, por sua vez, frustrou as expectativas e ficou estagnada em janeiro.
"O IBC-Br veio bem acima do esperado muito provavelmente refletindo o forte crescimento do agro nesse início de ano, mas também o crescimento expressivo do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, que avançou 2,3% em janeiro", afirmou Rafael Perez, economista da Suno Research.
"A partir do segundo trimestre, à medida que os efeitos do forte crescimento do agro vão se dissipando e a taxa de juros mais elevada começa a bater no crédito e na atividade econômica, os dados tendem a refletir de forma mais evidente a desaceleração da economia", completou.
O BC volta a se reunir nesta terça-feira (18) e quarta-feira (19) para decidir sobre a taxa básica de juros Selic, atualmente em 13,25%, com um cenário de fundo de inflação elevada e real desvalorizado. O BC já indicou novo aumento de 1 ponto percentual nesta semana.
"O IBC-Br corrobora a nossa expectativa de que a economia brasileira passará por um processo de ajuste gradual, refletindo os efeitos defasados da política monetária contracionista sobre a demanda agregada, da corrosão do poder de compra das famílias pela inflação e pela elevação das incertezas econômicas, sobretudo, atreladas ao risco fiscal brasileiro que impacta negativamente a propensão de investir dos empresários", avaliou a Genial Investimentos em nota.
Pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostrou nesta segunda que a expectativa do mercado para a expansão do PIB em 2025 é de 1,99%, indo a 1,60% em 2026.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.