O astronauta da Nasa Barry Eugene Wilmore, 62, que passou nove meses em órbita, afirmou que voaria de volta ao espaço em uma cápsula Starliner, da Boeing. Na avaliação dele, a empresa está "totalmente comprometida" em corrigir a espaçonave para futuras missões.
"Vamos corrigir todos os problemas que encontramos", disse Wilmore a repórteres nesta segunda-feira (31) no centro da agência espacial em Houston, nos Estados Unidos. "Vamos fazer funcionar. A Boeing está totalmente comprometida, a Nasa está totalmente comprometida."
Wilmore e sua colega de tripulação Sunita Williams, 59, estão na Terra desde o último dia 18. Eles retornaram da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), onde passaram 286 dias.
Nesta segunda-feira, durante entrevista coletiva, Wilmore, Williams e o astronauta Nick Hague, 49, que retornou à Terra junto com a dupla, pareciam animados, saudáveis e felizes por estar em casa. Eles compartilharam histórias sobre o reencontro com a família e um intenso ciclo de reabilitação para se recuperar do voo espacial prolongado.
Williams disse que recentemente correu cinco quilômetros. Wilmore falou sobre passar tempo com a família e a importância de sua fé cristã.
Tanto Wilmore quanto Williams devem se reunir nesta quarta-feira (2) com gerentes do programa Starliner e com engenheiros da Boeing para discutir a missão.
A dupla viajou para a Estação Espacial Internacional em junho do ano passado na Starliner, para o que deveria ser uma missão de oito dias cujo objetivo era determinar se o veículo era seguro para transportar astronautas. Foi o primeiro voo da cápsula com humanos a bordo.
Mas a espaçonave apresentou problemas técnicos com seus propulsores ainda durante a viagem. Em agosto, a Nasa anunciou que Wilmore e Williams voltariam para casa em uma outra cápsula: a Crew Dragon, da SpaceX. À época, o então administrador da agência, Bill Nelson, mencionou a importância do foco na segurança. Em setembro, a Starliner regressou vazia à Terra.
No dia 18 deste mês, Wilmore e Williams deixaram a ISS na cápsula da SpaceX e, após quase 17 horas, pousaram na água, no Golfo do México.
Depois de serem submetidos a alguns exames médicos, eles voaram para Houston, onde se reuniram com suas famílias.
"Eu voltaria [ao espaço] num piscar de olhos", disse Williams ao âncora da Fox News Bill Hemmer em uma entrevista que foi ao ar mais cedo nesta segunda-feira.
De acordo com Hemmer, o presidente Donald Trump enviou um convite para Wilmore e Williams irem à Casa Branca.
Wilmore afirmou à Fox que a Starliner é "a espaçonave mais robusta que temos".
Depois, na entrevista coletiva, ele afirmou que a responsabilidade por uma missão com falhas se estende a todos os envolvidos.
"Eu poderia ter feito algumas perguntas e as respostas a essas perguntas poderiam ter mudado o rumo [da missão]", disse Wilmore. "Todos nós somos responsáveis. Todos nós somos donos disso."
Existe a possibilidade de que a Nasa exija que a Boeing faça um terceiro voo de teste não tripulado antes de transportar astronautas novamente. Essa missão seria a quarta da Starliner, que realizou dois testes não tripulados em 2019 e 2022.
O objetivo desse voo extra seria validar que os propulsores da espaçonave possam funcionar corretamente no espaço, um ambiente impossível de simular em testes na Terra.
Inicialmente, a missão com Wilmore e Williams seria o teste final da Starliner antes de poder iniciar voos rotineiros com astronautas para a Nasa, que hoje depende da Crew Dragon, da SpaceX.