As melhores séries de TV de 2024, segundo críticos da BBC

há 5 dias 3

De uma série de ação eletrizante com Keira Knightley até a última comédia de Ted Danson, passando por um épico do passado do Japão, os críticos da BBC Caryn James (CJ) e Hugh Montgomery (HM) selecionam as melhores séries de TV do ano.

Aproveite e confira, nesta reportagem, os melhores filmes de 2024, segundo os críticos da BBC. Ainda Estou Aqui está na lista!

1. Industry

A terceira temporada da série ambientada no intenso mundo das altas finanças levou seus personagens moralmente ambíguos ao limite. Ela trouxe questões oportunas como abusos sexuais e mudanças climáticas, até fazer sua própria premissa explodir, com resultados espetaculares.

Marisa Abela e Harry Lawtey aprofundaram seus personagens Yasmin e Robert. Ela luta contra sua culpa infundada pela morte do pai, que fez dela uma pobre princesinha. E Robert, mais do que nunca, parece sem rumo —um triste fracasso profissional no banco de investimentos Pierpoint, onde ele trabalha.

Kit Harington trouxe dinamismo ao elenco, interpretando um aristocrata charmoso e manipulador, fundador de uma start-up verde. Ele deixa Yasmin e Robert inquietos.

O final da temporada (atenção! spoiler à frente!), com a falência da Pierpoint e o drástico corte dos laços entre os participantes parecia ser o final da série, mas não foi o que aconteceu. Uma nova temporada está a caminho, o que vai significar a reconstrução da vida dos personagens.

Neste caso, destruir tudo para começar de novo é o sinal de uma ótima série, cheia de confiança. (CJ)

"Industry" está disponível no Brasil no Max e na Amazon Prime Vídeo.

2. Um Espião Infiltrado

Esta talvez seja a série mais amena da lista, mas, nem por isso, menos poderosa. A mais recente série de comédia do criador de "The Good Place" (2016-2020), Michael Schur, traz de volta o astro Ted Danson.

Ele interpreta um arquiteto aposentado, que sofre com a perda da esposa e passa por uma mudança de vida, ao ser contratado por um detetive particular. Sua tarefa é entrar em uma casa de repouso como espião e ajudar a investigar um roubo de joias.

Schur atinge perfeito equilíbrio entre a leveza da comédia e um estudo comovente —às vezes, silenciosamente devastador— das provas e atribulações da terceira idade, incluindo a solidão e a deterioração mental, além da perda dos colegas e amigos.

Mas isso não significa que a série não tenha seus momentos inquietantes. Os moradores da casa são interpretados por um elenco completo de astros veteranos de Hollywood, como Sally Struthers, Stephen McKinley Henderson e John Getz - e são cheios de entusiasmo.

Neste nosso mundo obcecado pela juventude, vamos esperar que o sucesso de Um Espião Infiltrado seja um lembrete aos produtores e executivos de que uma parte do público está disposta a ver mais séries ancoradas por talentos da terceira idade. (HM)

"Um Espião Infiltrado" está disponível no Brasil na Netflix.

3. Black Doves

Existem diversas séries de espionagem no streaming. Mas só "Black Doves" tem no elenco Keira Knightley e Ben Whishaw, o que já é um reforço eletrizante para esta inteligente série de ação.

O roteiro é improvável, mas envolvente. Helen (Knightley) é casada com o ministro britânico da Defesa. Ela o espiona há uma década para uma companhia mercenária chamada Black Doves.

Quando seu amante é assassinado, seu antigo colega Sam (Whishaw) é convocado para protegê-la. A série constrói a trama com base nas suas angustiantes histórias do passado e estabelece uma amizade comovente entre eles, sem nunca perder as intrigas de vista. Parece que há um assassino em cada canto da série.

Sarah Lancashire acrescenta um tom sinistro ao roteiro, como o contato de Helen e Sam na Black Doves.

Trabalhar para a empresa leva a dupla a se vender para quem pagar mais. Mas o curioso é que a série faz o espectador criar simpatia por eles, especialmente Sam, com seu relacionamento rompido e seu ex-parceiro, Michael.

Como toda boa história de espionagem, "Black Doves" vai além do suspense, abordando temas como o amor, a lealdade, as falsas identidades e a política internacional. (CJ)

Black Doves está disponível no Brasil na Netflix.

4. Colin from Accounts

Esta série de comédia australiana aparece na nossa lista de melhores séries pelo segundo ano consecutivo. E, certamente, ela só melhorou em 2024.

Depois da expectativa da primeira temporada ("será que eles vão ficar juntos?"), Ashley e Gordon, agora, são um casal consolidado. E é aqui que a angústia realmente começa para eles em Sydney.

A série traz uma bela sensação de realidade, detalhando as dificuldades e atribulações do relacionamento. Desde as negociações com a outra metade da família até os sentimentos de rejeição sexual, as situações parecem suavemente exageradas para causar risos.

Além do desempenho encantador e, às vezes, comovente do casal da vida real, formado pelos atores Harriet Dyer e Patrick Brammall, o elenco de atores coadjuvantes é inspirador.

Ele inclui Helen Thomson como Lynelle —a brilhante mãe egocêntrica de Ashley que passa a ser uma espécie de ativista anti-MeToo— e Genevieve Hegney como Chiara, parceira comercial de Gordon que vive uma crise de meia idade.

E, é claro, a série apresenta Zak e Buster Feddersen interpretando Colin, o cão border terrier sobre rodas do título, testemunha exausta e estoica que tudo vê na série. Eles precisam ganhar imediatamente um Emmy - ou, pelo menos, um osso de presente. (HM)

"Colin from Accounts" está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo.

5. Não Diga Nada

Baseada no livro rigorosamente pesquisado do jornalista e escritor americano Patrick Radden Keefe, de 2018, esta é uma série corajosa e extraordinária, que se recusa a permanecer na sua zona de conforto.

O drama ficcional se atreve a invadir a mente dos mais altos membros do IRA, o Exército Republicano Irlandês. Eles defendem terrorismo e assassinato como armas políticas na Irlanda do Norte dos anos 1970.

No centro da trama, está Dolours Price. Ao lado de sua irmã Marian, ela cumpriu pena de prisão por participar de um ataque a bomba a um carro em Londres.

A verdadeira Marian Price declarou que pretende processar o Disney+ devido à série, que a mostra atirando em Jean McConville, mãe de 10 filhos que foi sequestrada e desapareceu em seguida. Price sempre negou ter cometido o crime e sua irmã morreu em 2013.

Os atores interpretam com paixão os personagens. Lola Petticrew captura a sincera convicção da jovem Dolours e Maxine Peake é particularmente comovente como Dolours mais velha, que lamenta alguns dos seus atos do passado e se pergunta o que ela realmente conseguiu com aquilo.

Além da tensão do drama, a série é intimista e repleta de ponderações. (CJ)

"Não Diga Nada" está disponível no Brasil no Disney+.

6. Slow Horses

Em 2024, a Apple continuou investindo pesado em séries glamourosas, com elencos de primeira linha, mas que são raramente mencionadas nas conversas culturais.

Mas esta comédia dramática britânica de espionagem, fiel e autodepreciativa, baseada nos livros do escritor Mick Herron sobre um grupo de rejeitados do MI5 (o serviço de inteligência britânico), continua sendo o melhor representante do canal.

Agora na sua quarta temporada, esta mistura de irônico humor britânico e ações arriscadas é mais perfeitamente equilibrada do que nunca.

Seu elenco continua a receber excelentes aquisições. Elas incluem Ruth Bradley, como Emma Flyte, a oficial de segurança de fala incisiva do MI5, e Hugo Weaving, como o perverso Frank Harkness.

É verdade que o desgrenhado chefe dos espiões Jackson Lamb (Gary Oldman) e o entusiasmado River Cartwright (Jack Lowden) são as peças centrais da série. Mas o segredo de Slow Horses é exatamente o seu conjunto.

Em um mundo dominado pelo streaming, com poucas séries conseguindo mais do que duas temporadas, a boa notícia é que "Slow Horses" já foi renovada para a quinta e a sexta temporada. Os espiões estão realmente fazendo sucesso. (HM)

"Slow Horses" está disponível no Brasil na Apple TV+.

7. Rivais

Ninguém fica mais surpreso do que eu por encontrar "Rivais" na lista das melhores séries do ano.

Sem ser artística nem ambiciosa, esta adaptação do romance da escritora britânica Jilly Cooper (1988), sobre sexo e poder entre os ricos cidadãos do fictício condado inglês de Rutshire, pode ser o exemplo de escapismo mais divertido do ano.

A série funciona principalmente graças aos atores e sua alegre interpretação dos exagerados personagens, no mundo das propriedades rurais e dos excessos dos anos 1980.

Entre seus destaques, está David Tennant, como o desprezível dono de uma rede de televisão. Aidan Turner interpreta um apresentador que recebe um alto salário, mas está descontente, e Alex Hassell vive um ministro dos Esportes do governo Margaret Thatcher (1979-1990), que adora jogar tênis nu e é amante de muitas mulheres.

Repleto de alianças instáveis, casos secretos e sexo em todos os lugares possíveis e imagináveis, a série é uma brincadeira totalmente envolvente.

Cooper declarou recentemente ao jornal The New York Times que seu objetivo ao escrever o romance foi simplesmente "alegrar as pessoas". Sua versão na tela não poderia ter chegado em um momento melhor. (CJ)

"Rivais" está disponível no Brasil no Disney+.

8. O Dia do Chacal

Esta atualização contemporânea em 10 partes do romance de Frederick Forsyth (1971), sobre um assassino internacional, é o glamouroso e igualmente irresistível lado B de "Slow Horses".

Eddie Redmayne interpreta o criminoso e se diverte muito com alguns dos seus disfarces prostéticos, destinados a transformar o Chacal em um personagem curiosamente enigmático. Ele alterna entre o homem de família com terna e sincera aparência e o violento assassino a sangue frio.

Já Lashana Lynch é perfeita em todos os aspectos, como a agente que segue sua pista. É muito gratificante observar como sua personagem Bianca é moralmente comprometida e repleta de indiferença. Ela deixa o espectador inquieto, fazendo James Bond se parecer mais com Mary Poppins.

Na verdade, o criador e roteirista Ronan Bennett —também responsável por "Top Boy" (2023), da Netflix— brindou a série com um distinto ar de filme de 007, desde os estilosos créditos de abertura, com seu tema musical clássico de jazz, até as sequências de ação brilhantemente filmadas, como a perseguição de carros em Munique, na Alemanha.

Mas talvez o mais surpreendente seja que o drama doméstico, apesar de não tão intenso, também é atraente, com a dedicada atuação da atriz espanhola Úrsula Corberó, que traz a desconfiada esposa do Chacal e seus conflitos.

É uma série dramática de sucesso da melhor qualidade. (HM)

O Dia do Chacal está disponível no Brasil no Disney+.

9. A Diplomata

Em sua segunda temporada, esta série de roteiro incisivo continua sendo uma brilhante combinação de política global e dramas pessoais. E apresenta viradas inteligentes e novas surpresas.

Kate Wyler (Keri Russell), a contrariada embaixadora norte-americana no Reino Unido, parece ser a pessoa mais inteligente em qualquer salão. Mas ela avaliou mal alguns detalhes, como quem bombardeou um navio de guerra britânico, o tamanho da sua ambição e como ela é dependente do seu relacionamento com Hal (Rufus Sewell), o marido que ela quase abandonou.

As intrigas políticas são educadas, mas explosivas, e Kate toma conhecimento de que políticos americanos e britânicos foram cúmplices do bombardeio.

Um dos melhores momentos da série é uma forte discussão entre Kate e Hal sobre a vice-presidência do país, oferecida a ela pela Casa Branca.

Allison Janney mostra firmeza como a atual vice-presidente, Grace Penn. Seus diálogos inflexíveis com Kate sobre mulheres e o poder também estão entre as melhores cenas da série.

Uma reviravolta de cair o queixo nos lança em direção à terceira temporada. Resta saber como tudo irá se encaixar em um cenário político diferente - fica no ar um aberto e fascinante ponto de interrogação. (CJ)

"A Diplomata" está disponível no Brasil na Netflix.

10. Feud: Capote vs. The Swans

O império do superprodutor Ryan Murphy na TV vem caindo há algum tempo —pelo menos, artisticamente falando, com a produção de séries cada vez mais vulgares e sensacionalistas– e em velocidade crescente.

Para citar um exemplo, foi lançado em setembro a mais recente temporada da sua série "Monstros", sobre assassinos famosos. Ela é dedicada aos irmãos Menéndez.

Mas ele já havia mostrado este ano que ainda pode produzir dramas inteligentes e profundos, como este estudo do abelhudo escritor americano Truman Capote (1924-1984) e seu círculo de amigas da alta sociedade, chamadas por ele de "cisnes".

O roteirista Jon Robin Baitz mostra Capote caindo em desgraça em meados dos anos 1970, depois da publicação de um trecho do seu romance inacabado "Súplicas Atendidas" (Ed. L&PM, 2009). O livro continha retratos escandalosos e pouco velados das suas confidentes íntimas.

Tom Hollander é simplesmente magnífico interpretando Capote. Ele captura a voz, os maneirismo, a superioridade cáustica e a carência infantil do escritor. Já os cisnes são interpretados de forma soberba, com variados graus de superioridade, por Naomi Watts, Chloe Sevigny, Calista Flockhart e Diane Lane.

Em última análise, a série é uma análise do mundo particular das "famílias ricas" no limiar da sua relevância. E o fato de conseguir evocar tristeza com o destino dos personagens, mesmo com sua constante deformidade moral, demonstra seu lado romântico. (HM)

"Feud: Capote vs. The Swans" está disponível no Brasil no Disney+.

11. True Detective: Terra Noturna

Se a quarta temporada de "True Detective" tivesse incluído apenas aquela inesquecível palavra "corpúsculo" para designar as vítimas de assassinato preservadas no gelo, já teria sido suficiente. Mas a série foi renovada e foi muito além disso.

Jodie Foster se reafirma como a amarga chefe de polícia de uma pequena cidade do Alasca. Ela lidera as investigações de um caso de assassinatos múltiplos cada vez mais assustadores.

A série se passa em uma época do ano em que o sol não se levanta por duas semanas naquela região. Sua bela fotografia no azul noturno faz o espectador sentir o frio do local, levado para um mundo em que cientistas especializados em alta tecnologia moram lado a lado com os habitantes locais e suas crenças sobrenaturais.

Poderíamos passar horas desvendando as pistas e as conexões com a temporada original da série, de 2014, como muitos têm feito. Mas, neste contexto, não é necessário.

A roteirista e diretora mexicana Issa López trouxe nova energia para esta franquia. Ela fez com que a série ficasse renovada e cativante, do seu início assustador até o final, que é de cair o queixo. (CJ)

"True Detective: Terra Noturna" está disponível no Brasil no Max e na Amazon Prime Vídeo.

12. Xógum: A Gloriosa Saga do Japão

Quando "Game of Thrones" (2011-2019) chegou ao fim, surgiram longas discussões sobre qual série poderia sucedê-la. Várias séries fantásticas disputavam o posto, como o spin-off de "O Senhor dos Anéis" (Os Anéis de Poder, da Amazon), e a própria série derivada de "Game of Thrones" (A Casa do Dragão, da HBO).

Cinco anos depois, sua sucessora mais convincente acabou sendo uma série sem nenhum sinal de fantasia.

"Xógum: A Grande Saga do Japão" é um drama histórico sobre o Japão real do século 17. Ela preserva a rígida visão de mundo de Thrones, seus visuais épicos e o intenso interesse pelas manobras políticas.

O romance histórico (Ed. Arqueiro, 2008) escrito por James Clavell (1921-1994) já havia inspirado uma minissérie de imenso sucesso nos anos 1980. "Xógum" conta a história de John Blackthorne (interpretado por Cosmo Jarvis, à la Richard Burton), um navegador britânico que naufraga no litoral japonês e se envolve em uma batalha pelo poder entre membros do conselho governante do país.

A ação que se segue é deslumbrantemente filmada, brilhantemente interpretada - e decididamente brutal. As diversas maquinações dos personagens acabam gerando cenas de violência sem a menor hesitação.

Todo o elenco é brilhante, desde Hiroyuki Sanada, como o combatido conselheiro Lord Yoshii Toranaga, até Anna Sawai, como a tradutora e amante de Blackthorne, Mariko.

A produção foi originalmente idealizada como uma série fechada, mas seu sucesso foi tão grande que a FX já anunciou planos para mais duas temporadas. Vamos esperar que eles consigam manter o nível desta primeira. (HM)

"Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" está disponível no Brasil no Disney+.

13. Bebê Rena

A história de terror autobiográfica de Richard Gadd parecia ter caído de paraquedas na Netflix. Mas ela se tornou, merecidamente, um dos maiores, mais comentados e mais perturbadores sucessos do ano.

Gadd criou e interpreta um problemático humorista chamado Donny Dunn, que faz amizade com Martha. Ela entra no bar onde ele trabalha, cria uma fantasia sobre um relacionamento entre os dois e começa a persegui-lo com e-mails que quase destroem a sua vida.

Jessica Gunning interpreta Martha de forma excepcional, ao mesmo tempo ameaçadora e digna de compaixão, em meio aos seus delírios.

A tensão cresce ao longo da série, até atingir um ponto excruciante. Donny também sofre agressões sexuais repetidamente, em detalhes de virar o estômago, por um produtor de TV que promete alavancar sua carreira.

A série causou controvérsias depois que os espectadores pesquisaram na internet e encontraram Fiona Harvey, supostamente a versão de Martha na vida real. Ela concedeu entrevistas à imprensa e, agora, está processando a Netflix por difamação, negligência e violação de privacidade.

Abalos da vida real à parte, "Bebê Rena" é arte confessional na sua forma mais cativante. (CJ)

"Bebê Rena" está disponível no Brasil na Netflix.

14. Fallout

No ano passado, a série da HBO "The Last of Us" pôs fim à tradição de adaptações de videogame inferiores ao original, apresentando uma versão cativante do jogo de ação e aventura.

E eis que surge agora uma adaptação surpreendentemente elegante para a TV de uma franquia de games pós-apocalípticos, que certamente fez ainda mais sucesso que o jogo: uma versão sorrateiramente engraçada da série de videogame "Fallout", que imagina um mundo devastado por uma guerra nuclear, com algumas pessoas vivendo em abrigos luminosos no subsolo.

A atriz britânica Ella Purnell lidera o elenco como uma moradora do abrigo 33. Com seus olhos brilhantes, ela é forçada a seguir em uma missão reveladora para a superfície da Terra, a fim de resgatar seu pai, que foi raptado.

Naquele Velho Oeste futurístico, ela entra em contato com um inquieto soldado (Aaron Moten) e um "morto-vivo" caçador de recompensas (Walton Goggins), entre outros personagens.

"Fallout" é coproduzida por Lisa Joy e Jonathan Nolan, criadores da série Westworld (2016-2022) - que é similar, mas inferior. É uma experiência impressionante e imersiva, que não deixa a dever ao material fonte, mas com ritmo narrativo próprio.

Para completar, Purnell é uma verdadeira estrela em formação e Goggins é uma revelação na sua interpretação em duas linhas de tempo. (HM)

"Fallout" está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo.

15. Ripley

Andrew Scott interpreta de forma fascinante o mortal charlatão Tom Ripley nesta versão hitchcockiana do romance "O Talentoso Ripley" (Ed. Cia. de Bolso, 2012), da escritora americana Patricia Highsmith (1921-1995).

Ambientada em Nápoles e Roma nos anos 1960, a dramática cinematografia em preto e branco, do cineasta ganhador do Oscar Robert Elswit, captura perfeitamente o belo mundo sombrio onde vive Ripley, um vigarista de pequenos golpes de Nova York, que avança até se tornar adepto da dolce vita.

Quando Ripley rouba a identidade do seu rico e preguiçoso amigo Dickie Greenleaf (Johnny Flynn), um simples olhar para o rosto de Scott consegue revelar as muitas trapaças cometidas pelo personagem.

Flynn, Dakota Fanning e Eliot Sumner interpretam brilhantemente as pessoas que são exploradas por Ripley.

Em estilo muito diferente do memorável filme de 1999 ("O Talentoso Ripley"), com sua farta iluminação, Steven Zaillian escreveu e dirigiu a série de forma fascinante, oferecendo os visuais mais gloriosos possíveis. (CJ)

"Ripley" está disponível no Brasil na Netflix.

16. Um Dia

Nenhuma série despertou tanto as emoções em 2024 quanto esta adaptação do romance do escritor britânico David Nicholls (Ed. Intrínseca, 2011).

A produção mostra os altos e baixos do relacionamento de dois amigos, Dexter e Emma, por 20 anos, desde a universidade. Ela acompanha a dupla no mesmo dia, 15 de julho, todos os anos.

A série começa nos anos 1980 e oferece uma deslumbrante viagem no tempo para os espectadores de uma certa idade. A ambientação é completa, ao som de uma trilha sonora vencedora e cuidadosamente escolhida, com músicas de sucesso de cada período.

Mas, no fundo, o que compõe a obra são as interpretações cativantes dos dois artistas principais, tanto individualmente quanto em conjunto.

Depois de se tornar uma promessa para o público na segunda temporada de "The White Lotus" (2022), Leo Woodall vive o arrogante Dexter, um garoto de programa refinado e compreensivo, mas convincentemente irritante.

Já Ambika Mod chamou a atenção pela primeira vez no drama médico "This is Going to Hurt "(2022). Agora, ela parte para se tornar uma estrela interpretando Emma, uma personagem inteligente, mas vulnerável.

E atenção: se você não sabe o que acontece na série, prepare-se para as lágrimas. (HM)

"Um Dia" está disponível no Brasil na Netflix.

17. Monsieur Spade

Uma das mais improváveis premissas para uma série de TV trouxe também uma das mais deliciosas surpresas do ano.

Clive Owen interpreta com ironia o detetive particular Sam Spade, criado pelo escritor americano Dashiell Hammett (1894-1961). O personagem foi transportado da São Francisco decadente dos anos 1940 para uma pequena cidade francesa da década de 1960.

Sem imitar o consagrado e durão Spade de Humphrey Bogart (1899-1957) no filme "Relíquia Macabra" (1941), Owen oferece um personagem perspicaz e emocionalmente frio —mas, às vezes, também confuso, especialmente quando tenta dominar o idioma francês.

Existem relacionamentos pessoais complexos —uma amante glamourosa (Chiara Mastroianni) e uma jovem que passa a ser guardiã de Spade– e, é claro, assassinatos que ele não pode deixar de investigar em uma próspera cidade do interior, onde moram e conspiram nazistas não regenerados.

O diretor Scott Frank ("O Gambito da Rainha", 2020) criou uma série viva e cheia de suspense. E Owen faz seu próprio Spade, um homem com um coração por baixo do seu imenso sangue-frio. (CJ)

A reportagem não encontrou serviços de streaming que estejam exibindo a série no Brasil.

18. Mr. Bates vs. the Post Office

Raramente, uma série de TV consegue causar impactos tão claros sobre assuntos do governo. Mas foi o que aconteceu no início deste ano com esta brilhante minissérie britânica.

Ela trata do escândalo nacional dos correios do Reino Unido, que fez com que mais de 700 gerentes de agências postais fossem indevidamente acusados de adulterar sua contabilidade e cometer roubo e fraude, devido a uma falha no sistema de computadores.

Quando foi ao ar no Reino Unido, em 1º de janeiro, "Mr. Bates vs. the Post Office" trouxe imensas e imediatas repercussões. A série chegou a fazer com que o então primeiro-ministro britânico Rishi Sunak anunciasse a criação de uma nova lei para "absolver e compensar rapidamente as vítimas".

Este drama em quatro partes da diretora Gwyneth Hughes reúne brilhantemente as histórias humanas das muitas vítimas inocentes - entre elas, o personagem-título, Alan Bates (Toby Jones), que se torna o líder dos chefes dos correios na luta por justiça - e apresenta o contraste com a burocracia desumana que eles enfrentam.

O impacto da série comprova que, por mais valor que tenham os documentários, uma dramatização, às vezes, pode transmitir uma história para a consciência pública de forma inigualável.

Será que "Mr. Bates" irá inspirar outras séries de TV a abordar escândalos institucionais da nossa época? Tomara que sim. (HM)

A reportagem não encontrou serviços de streaming que estejam exibindo a série no Brasil.

19. O Regime

Ao mesmo tempo engraçada e assustadora, Kate Winslet mostra que está no auge da carreira com esta comédia política sombria. Ela interpreta Elena Vernham, ditadora de um país fictício da Europa central.

No lado do absurdo, Elena canta a música "Santa Baby" durante seu discurso de Natal à nação e chama seus cidadãos de "meus amores". E, no lado ameaçador, ela se apresenta como populista, mas é implacável na sua determinação de permanecer no poder, invadindo um país vizinho e prendendo seus adversários políticos. É como se ela fosse filha de Eva Perón (1919-1952) e Vladimir Putin.

Winslet equilibra elegantemente as cenas cômicas e maléficas da sua personagem e é rodeada por um elenco de estrelas, que inclui Matthias Schoenaerts como o soldado psicopata que se torna seu amante, Andrea Riseborough como seu assustado servidor e Hugh Grant em um único episódio, como o chanceler deposto por Elena.

O tom de "O Regime" é mais absurdo do que crítico, mas, no final, o tumultuado mundo político da série começa a espelhar o mundo real. (CJ)

"O Regime" está disponível no Brasil no Max e na Amazon Prime Vídeo.

20. O Problema dos 3 Corpos

Esta série de ficção científica causou muita sensação na sua estreia. É o novo projeto dos criadores de "Game of Thrones", David Benioff e DB Weiss.

A série pode não ter se tornado exatamente o fenômeno que a plataforma de streaming esperava, mas mereceu fortes elogios pela sua inteligência e ambição criativa.

Baseada no romance do mesmo nome, do escritor chinês Liu Cixin (Ed. Cia. das Letras, 2016), "O Problema dos 3 Corpos" conta a história de um grupo de amigos cientistas que tentam descobrir o que está causando uma onda de suicídios na sua comunidade.

A história envolve cenas passadas durante a Revolução Cultural Chinesa (1966-1976), um misterioso jogo de realidade virtual e muitos outros detalhes.

No começo, a série é uma história alucinante, mas ela se baseia em uma premissa oportuna e brilhantemente envolvente: o que faríamos se soubéssemos que a raça humana seria destruída daqui a 400 anos?

O Problema dos 3 Corpos traz também a sequência mais chocante do ano na TV, comparável com o infame Casamento Vermelho de "Game of Thrones".

A Netflix já anunciou que a série terá mais duas temporadas —e só. Esperamos que ela consiga manter o seu ritmo. (HM)

"O Problema dos 3 Corpos" está disponível no Brasil na Netflix.


Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture

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